Quando entramos no universo acadêmico, nos deparamos com uma infinidade de atividades solicitadas pelos docentes, independentemente do grau estudantil. Tecnólogos, bacharéis, mestres ou doutores todos necessitam, em algum momento, desenvolver alguns tipos de trabalhos acadêmicos. Pensando nisso, trouxemos os trabalhos acadêmicos mais solicitados neste universo para facilitar o entendimento, sobretudo, dos iniciantes que recebem solicitações de atividades que, muitas vezes, desconhecem. São vários os tipos de trabalhos acadêmicos que podem ser desenvolvidos ao longo dos cursos acadêmicos. Podemos também atribuir a esses tipos de trabalhos o nome de atividades científicas, produções acadêmicas e/ou científicas. A apresentação desses trabalhos acadêmicos pode ser obrigatória ou opcional.
Os Trabalhos acadêmicos (TAs) desenvolvidos ao longo dos cursos de graduação, pós-graduação lato sensu e stricto sensu, têm as mesmas funções e visam aos mesmos objetivos. Diferem-se no nível de exigência, profundidade de análise, consistência metodológica, busca de resultados e formato de apresentação, submissão. O registro impresso ou em mídia, como se pode ver, é obrigatório em todos os tipos e níveis. Daí a importância do domínio da língua escrita (MICHEL,2015).
Comumente há ligeiro equívoco no uso de expressões como dissertação de mestrado, tese de doutorado, monografia: esta última identificaria trabalhos científicos realizados por graduandos e apresentados ao final de um curso (TCC); a dissertação de mestrado seria o trabalho apresentado por candidato para a obtenção do grau de doutor. A dissertação, ou melhor dizendo, a argumentação é tipo de texto prevalente em todos esses gêneros; não é característica apenas das dissertações de mestrado (MEDEIROS, 2019).
Os trabalhos acadêmicos podem ser de gêneros curtos (fichamento, resumo e resenha), gêneros médios (ensaio, paper e artigo científico) e gêneros longos (monografia, dissertação e tese) (MOREIRA, 2021).
Os estudantes ao longo de suas carreiras precisam apresentar uma série de trabalhos que se diferenciam uns dos outros quanto ao nível de escolaridade e quanto ao conteúdo. Em geral, para término do curso de graduação, os estudantes têm o compromisso de elaborar um trabalho baseado sobretudo em fontes bibliográficas. À medida que ascende na carreira universitária, esses trabalhos vão exigindo maior embasamento, mais reflexão, mais amplitude e criatividade (MARCONI; LAKATOS, 2022).
Artigo Científico
Parte de uma publicação, com autoria declarada que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas mais diversas áreas do conhecimento (FURASTÉ, 2013).
Destinados especificamente a serem publicados em revistas e periódicos científicos, esta modalidade de trabalho tem por finalidade registrar e divulgar, para público especializado, resultados de novos estudos e pesquisas sobre aspectos ainda não devidamente explorados ou expressando novos esclarecimentos sobre questões em discussão no meio científico. O artigo tem a estrutura comum ao trabalho científico em geral, mas quando relacionado aos resultados de uma pesquisa deve destacar os objetivos, a fundamentação e a metodologia desta, seguindo-se a análise dos dados envolvidos e as conclusões a que se chegou, comtemplando-se com o registro das referências bibliográficas e documentais. Quanto à formatação técnica do texto, as revistas e periódicos costumam estabelecer normas específicas para a publicação dos artigos, cabendo ao autor se inteirar delas antes de enviar seus trabalho à editora (SEVERINO. 2016).
São pequenos estudos diferenciados pelo conteúdo reduzido. É um texto, de autoria de um ou vários autores, que apresenta e discute técnicas, métodos, ideias, processos e resultados em diversas áreas do conhecimento. Os autores podem fazer uma revisão de outros trabalhos ou apresentar tema próprio. Deve ser submetido a revistas e periódicos científicos para aprovação de publicação. Há revistas científicas que fazem exigências em normatização do texto. As revistas e periódicos estabelecem normas específicas para publicação dos artigos. É importante consultar as regras antes de sua submissão (SOUZA,2017).
O artigo científico é um gênero discursivo que trata de problemas científicos, embora de extensão relativamente pequena. Apresenta o resultado de estudos e pesquisas. E, em geral, é publicado em periódicos científicos impressos ou eletrônicos. Hoje, os artigos científicos são considerados gênero fundamental no desenvolvimento da ciência. Estruturalmente, são compostos de: pesquisa, objetivo, problema, justificativa, métodos e técnicas utilizados, teoria de base, quadro de referência, resultados da pesquisa e sua discussão, conclusões. São motivos para a elaboração de um artigo científico: existência de aspectos de um tema que não foram estudados suficientemente ou o foram superficialmente; necessidade de esclarecer uma questão antiga; aparecimento de inconsistência em pesquisas anteriores (MEDEIROS, 2019).
Os artigos científicos são estudos, porém completos, que tratam de uma questão verdadeiramente científica. Apresentam o resultado de estudos ou pesquisas e distinguem-se dos diferentes tipos de trabalhos científicos pela sua reduzida dimensão e conteúdo. São publicados em revistas ou periódicos especializados e formam a seção principal deles. Os artigos científicos, por serem completos, permitem ao leitor, mediante a descrição da metodologia empregada, do processamento utilizado e dos resultados obtidos, repetir a experiência (MARCONI; LAKATOS, 2022).
Tipos de Artigos Científicos
Os artigos científicos podem ser classificados em artigo original (que se constitui do “relato, em primeira mão, dos resultados de pesquisa”), artigo de comunicação breve (descrição sintética de novas descobertas), artigo de relato de casos (em geral, até dez), artigo de revisão (apresentação das mais recentes pesquisas em determinado tema). Outra classificação compreende artigos analíticos, classificatórios, argumentativos (MEDEIROS, 2019).
- Artigo de argumento teórico
Tipo de artigo que apresenta argumentos favoráveis ou contrários a uma opinião. Inicialmente, focaliza-se um argumento e depois os fatos que possam prová-lo ou refutá-lo. O desenrolar da argumentação leva a uma tomada de posição. Essa forma de trabalho requer pesquisa profunda e intensa a fim de coletar dados consistentes e suficientes. É uma forma de documentação empregada, geralmente, por especialistas experientes. O roteiro de um artigo de argumento teórico é o seguinte: exposição da teoria; fatos apresentados; síntese dos fatos e conclusão (MARCONI; LAKATOS, 2022).
No artigo argumentativo, há focalização de um fenômeno, experiências, testes, provas que admitem ou refutam determinados resultados. Sua estrutura é a seguinte: exposição da teoria, apresentação do fenômeno a ser examinado, síntese dos resultados, conclusão (MEDEIROS, 2019).
- Artigo de análise
Nesse tipo de artigo, o autor faz análise de cada elemento constitutivo do assunto e sua relação com o todo. “O técnico ou cientista procura descobrir e provar a verdadeira natureza do assunto e das relações entre suas partes. A análise engloba: descrição, classificação e definição do assunto, tendo em vista a estrutura, a forma, o objetivo e a finalidade do tema. Entra em detalhes e apresenta exemplos. Não é muito comum, na literatura moderna, encontrar um artigo totalmente analítico. O roteiro de um artigo de análise é o seguinte: definição do assunto; aspectos principais e secundários; as partes e relações existentes (MARCONI; LAKATOS, 2022).
Os artigos analíticos descrevem, classificam e definem o assunto e levam em conta a forma e objetivo que se têm em vista. Em geral, sua estrutura é a seguinte: definem o assunto, apresentam aspectos relevantes e irrelevantes, partes e relações existentes (MEDEIROS, 2019).
- Artigo Classificatório
O autor, nesse caso, procura classificar os aspectos de determinado assunto e explicar suas partes. Primeiramente, faz-se a divisão do tema em forma tabular, ou seja, em classes, com suas características principais. Depois apresenta: definição, descrição objetiva e análise. O roteiro de um artigo classificatório é o seguinte: definição do assunto; explicação da divisão; tabulação dos tipos e definição de cada espécie (MARCONI; LAKATOS, 2022).
No artigo classificatório, há uma ordenação de aspectos de determinado assunto e a explicação de suas partes. Sua estrutura é a seguinte: definição do assunto, explicação da divisão, tabulação dos tipos e definição de cada espécie (MEDEIROS, 2019).
Comunicações Científicas
A comunicação científica constitui uma modalidade de trabalho acadêmico que é apresentado oralmente em congressos, simpósios e outros tipos de eventos e encontros científicos. Os pesquisadores devem realizar apresentações orais em torno de 10 a 15 minutos sobre o tema. A apresentação deve ser objetiva enfatizando os tópicos da pesquisa, como objetivos, metodologia e resultados obtidos. Podem ser utilizados recursos audiovisuais para agilizar e tornar mais dinâmica a explicação. Poderá haver perguntas conforme decisão da organização do evento. O pesquisador pode distribuir um resumo da sua apresentação. Em alguns casos, dependendo da organização do evento, o pesquisador deve expor também um pôster científico (SOUZA, 2017).
O conhecimento científico não se resume à descoberta de fatos e leis novas, mas também em sua publicação. Por isso, são comuns na vida acadêmica eventos que ocorrem no interior das Universidades e outros que se realizam foram dela. Nesses eventos, a comunicação se dá oralmente, mas os textos são previamente preparados, rascunhados, redigidos. Comunicação científica define-se como informação que se apresenta em congressos, simpósios, reuniões, academias, sociedades científicas. Em tais encontros, são expostos os resultados de pesquisas em andamento. A comunicação científica em geral é limitada em sua extensão. As exposições realizadas em congressos, reuniões e outros que tais são breves, ocupando tempo de 10 a 20 minutos. A finalidade dela é fazer conhecida uma descoberta, os resultados alcançados com a pesquisa, o estágio em que se encontra o desenvolvimento da pesquisa. A comunicação só se realiza quando o leitor ou ouvinte entende o que se lhe comunicou. São considerados requisitos básicos para a divulgação científica: o conhecimento daquilo que se comunica, a precisão terminológica, a acessibilidade da linguagem, a adaptação à audiência (MEDEIROS, 2019).
Tipos de comunicações Científicas
A comunicação científica são artigos científicos submetidos a encontros acadêmicos: congressos, simpósios, reuniões científicas, academias, sociedades científicas. Tem estrutura resumida que pode variar conforme a exigência da instituição patrocinadora. Assim são tratados como informação, resumo de resultados apresentados em encontros acadêmicos. Fazem-se, em geral, acompanhar de exposição oral (de curta duração) ou em forma de painéis (MICHEL, 2015).
Os tipos de comunicações mais comuns são estudos breves sobre aspectos da ciência; sugestões de solução de problemas; apreciação ou interpretação de obras e recensão de um texto. A comunicação ainda envolve a preparação do texto a ser apresentado e abertura a questionamentos de colegas. As apresentações de comunicação em geral se revestem de certa formalidade. Daí o uso da verdade linguística prestigiada (MEDEIROS, 2019).
De acordo com Severino (2016), a vida científica de professores e estudantes universitários não se limita às atividades curriculares que se desenvolvem no interior das faculdades. Muitos eventos acontecem em outros contextos culturais e institucionais, em que os estudiosos e pesquisadores, independentemente de sua origem acadêmica, apresentam e discutem teses de duas áreas, promovendo assim a divulgação e o debate de suas ideias. Todos os eventos são entendidos como reuniões extraditarias, congregando pessoas interessadas em algum campo temático das diversas áreas de conhecimento e da cultura, que se dispõem a discutir temas específicos, de uma forma sistemática e durante um certo período de tempo. Dentre esses eventos são mais comuns no nosso meio os seguintes:
- Congresso: é uma reunião, um encontro para fins de discussão e debate de ideias, promovido em geral por entidades e associações de especialistas das várias áreas, interessados em acompanhar, disseminar e debater as teses que expressam a evolução do conhecimento dessas áreas. Como este tipo de debate parece ter-se desenvolvido antes no âmbito das associações políticas, registra-se a marca inicial de que o congresso era destinado apenas e delegados, especificamente indicados para dele participarem, levando posições discutidas e eventualmente acertadas pelas entidades que se faziam representar. Hoje sua significação já se estendeu, abrangendo qualquer evento, de certa proporção, em que se debatem questões de interesse dos participantes. Resta ainda a marca de que os congressos são organizados e promovidos por entidades de classe ou então por associações científicas.
- Conferência: enquanto evento geral, se aproxima muito do significado do congresso. No entanto, a conferência conota uma abordagem mais ampla do que o congresso, não partindo de uma entidade em particular, mas de todas as entidades de uma determinada área. A conferência tende a ser um evento promovido dentro uma certa periodicidade. Exemplo, a Conferência Brasileira de Educação, a CBE, evento convocado por várias entidades de educadores e que, até 1991, acontecia de dois em dois anos. Mas conferência é um termo usado, num sentido mais restrito e mais conhecido, como sinônimo de palestra. Trata-se de uma palestra numa perspectiva mais solene! Esta atividade tem caráter bem amplo e geralmente se dá num contexto não informal. Trata-se da fala de um único expositor, geralmente figura de destaque na área e no contexto sociocultural. Nem sempre sua fala é seguida de debates, limitando-se à exposição de suas ideias.
- Palestra: é uma conferência feita em condições menos solenes, inserida no contexto de um evento maior ou mesmo pronunciada isoladamente. Também pronunciada por um único expositor, sua fala pode ser seguida de debates com os ouvintes.
- Encontro: designa um evento de menor porte que um Congresso é mais abrangente do que uma simples reunião. Também se destina ao debate aberto de temas predeterminados, sob diversas formas de sessão.
- Reunião: em princípio, deveria designar um evento mais restrito; no entanto, às vezes é tomada como Encontro ou Congresso.
- Jornada: é um encontro que faz referência a um certo tempo, em termos de dias. Mas é também tomada no sentido de encontro.
- Simpósio: em princípio, é uma reunião destinada apenas a especialistas, que se reúnem para discutir tema previamente determinado. Em geral versa sobre um único tema que vem sendo pesquisado por estudiosos, em instituições diferentes, que são convidados por uma entidade, para debatê-lo, numa perspectiva de troca de informações, de ideias e de conclusões. O debate é presidido por um coordenador.
- Seminário: é uma reunião mais restrita, como se fosse um grupo de estudos, em que se discute um tema, a partir da contribuição de todos os participantes. No âmbito acadêmico, seminário é tomado muitas vezes como uma forma de atividade didático-científica.
- Colóquio: como evento científico, é um debate que, em princípio, deveria reunir apenas especialistas no assunto em questão, sendo direcionado a um público restrito. Tem por finalidade debater, aprofundar e avaliar aspectos de um tema específico. Aproxima-se do simpósio, em que todos os participantes intervêm na discussão, embora seja desenvolvido mediante uma dinâmica menos formal.
- Mesa redonda: visa à apresentação de pontos de vista diferentes sobre uma mesma questão, mas a partir da exposição de um dos participantes. Em princípio, os demais participantes tomam conhecimento prévio do texto do expositor, apresentando então comentário crítico às suas posições. Após esses comentários, a palavra volta ao expositor, podendo ser aberta também aos assistentes. Dado esse formato da mesa-redonda, é conveniente que se limite a apenas dois o número de debatedores.
- Painel: é a apresentação de trabalhos sobre um mesmo tema, abordado sob pontos de vista diferentes; todos expostos livremente, sem referência à colocação prévia de qualquer dos participantes, que podem ser três ou mais. O que caracteriza o painel é que ele abre espaço para um maior número de exposições, embora com tempo reduzido para cada uma.
- Oficinas e Workshops: trata-se de reuniões mais restritas em termos de números de expositores e de participantes, destinadas à apresentação de trabalhos, de experiências, de pesquisas, propiciando oportunidade de divulgação e debate. Elas podem ocorrer tanto no âmbito de eventos mais amplos quanto como atividades autônomas. Têm um caráter de uma realização participada, ou seja, com a preocupação de levar os participantes e vivenciarem experiências, projetos, programas, etc.
- Pôsteres: são apresentações de trabalhos via cartazes, com fotos, figuras, esquemas, quadros e textos concisos, referentes a alguma experiência, atividade ou proposta. Estes pôsteres ficam expostos ao público participante, o autor destes colocando-se à disposição para fornecer eventuais esclarecimentos que forem solicitados pelos observadores.
- Comunicação oral: relata estudos, resultados de pesquisa, experiências, de iniciativa pessoal. Trata-se de uma exposição mais sucinta, uma vez que em geral, pouco tempo lhe é reservado nos encontros.
Dissertação
Documento que apresenta o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico retrospectivo, de tema único e bem definido em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento de literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do candidato. É feito sob a supervisão de um orientador (doutor), visando a obtenção do título de mestre. Trata-se de uma exigência do Parecer 977/65 do Conselho Federal de Educação (FURASTÉ, 2013).
A dissertação de mestrado deve cumprir as exigências da monografia científica. Trata-se da comunicação dos resultados de uma pesquisa, análise e reflexão que versa sobre um tema igualmente único e delimitado. Deve ser elaborada de acordo com as mesmas diretrizes metodológicas, técnicas e lógicas do trabalho científico, como na tese de doutorado. A diferença fundamental em relação à tese de doutorado está no caráter de originalidade do trabalho. Tratando-se de um trabalho ainda vinculado a uma fase de iniciação à ciência, de um exercício diretamente orientado, primeira manifestação de um trabalho pessoal de pesquisa, não se pode exigir da dissertação de mestrado o mesmo nível de originalidade e o mesmo alcance de contribuição ao progresso e desenvolvimento da ciência em questão. Não cabe eliminar da dissertação de mestrado o seu caráter demonstrativo. Também ela deve demonstrar proposição e não apenas explanar um assunto. Esta parece ser uma exigência lógica de todo trabalho desde que tenha objetivos de natureza científica bem definidos Tanto a tese de doutorado como a dissertação de mestrado são, pois, monografias científicas que abordam temas únicos delimitados, servindo-se de um raciocínio rigoroso, de acordo com as diretrizes lógicas do conhecimento humano, em que há lugar tanto para a argumentação puramente dedutiva, como para o raciocínio indutivo baseado na observação e na experimentação (SEVERINO, 2016).
A dissertação de mestrado é um trabalho de estudo científico com tema único delimitado, tendo como objetivo reunir, analisar e interpretar informações pesquisadas, apresentando seus resultados por meio de texto normatizado no final do curso. É realizada sob orientação de um professor com título de doutor. Sua apresentação é feita de forma escrita e oral e o objetivo do aluno é conquistar o grau de mestre (SOUZA, 2017).
São requisitos para uma dissertação de mestrado: estabelecer um tema preciso, delimitado; reconhecer um problema a resolver; definir um objetivo a alcançar; apoiar-se em método de pesquisa e uma teoria e uma quadro de referência. O pesquisador utilizará a indução ou dedução? Partirá de um conhecimento de valor universal para aplicá-lo a um caso particular, ou partirá de um caso particular para chegar a um conhecimento de validade universal? Essa forma de tratamento do assunto determina o movimento do texto e indicam três tipos de movimento: para fora, para dentro e em ziguezague. No movimento para fora, o texto pode iniciar-se com o concreto, o específico, o próximo e caminhar em direção ao geral, à lei. O ponto de partida é o que está mais próximo do autor: sua experiência, sua época, o meio ambiente em que vive, detalhes específicos. A partir disso, o autor move-se em direção à experiência dos homens em geral, outras épocas, outros meios ambientes, teorias. Os textos que se movimentam para dentro têm característica dedutiva. Inicia-se o texto com uma generalização para chegar a um caso particular. Os textos com movimento em ziguezague utilizam confrontos e comparações de ideias, fatos ou situações. Uma dissertação de mestrado é produzida tendo em vista, inicialmente, a leitura de três arguidores: a do orientador e mais dois professores doutores, selecionados, segundo critérios próprios das universidades. Daí a necessidade de cuidados com o conteúdo e com a forma; com a metodologia empregada, a defesa das teses e com a variedade linguística utilizada. É comum nas bancas de defesa arguidores apontarem impropriedades nos usos linguísticos. Trabalhos escritos última hora, sem terem passado por diversos rascunhos e seguidas revisões, estão mais propícios a conhecerem reveses (MEDEIROS, 2019).
A dissertação segue o mesmo padrão de uma monografia, mas é resultado de uma pesquisa mais abrangente e detalhada. Pode se apoiar em dados novos (pesquisa original) ou em uma revisão de trabalhos de outros pesquisadores (revisão, discussão e interpretação de pesquisas originais) (MOREIRA, 2021).
Ementa
Não se deve confundir com o Resumo, outra modalidade de se sintetizar um texto ou documento. Trata-se da Ementa que, no meio acadêmico, muitas vezes faz o papel do resumo. A Ementa limita-se a enunciar os principais tópicos da exposição de determinado conteúdo. É uma figura surgida no campo jurídico: toda decisão judicial, quando registrada e publicada, deve conter Ementa, ou seja, uma breve enunciação do conteúdo da decisão, feita de forma clara e concisa. Apropriada pelo discurso acadêmico, a Ementa é usada sobretudo para enunciar o conteúdo de uma disciplina, elencando sob a forma de tópicos ou discursivamente os itens e temas a serem abordados nela. O uso da Ementa é adequado para unidades textuais cujo conteúdo tenha caráter mais objetivo, pois ela traz mais informações do que argumentações. Daí sua presença no discurso jurídico (leis, acórdãos, pareceres) e acadêmico (disciplinas, cursos). Não visa colocar uma problematização para o leitor, apenas informa-lo de determinado conteúdo (SEVERINO, 2016).
Ensaio teórico
O trabalho científico pode assumir a forma de ensaio. Esse tipo de trabalho é concebido como um estudo bem desenvolvido, formal, discursivo e concludente, consistindo em exposição lógica e reflexiva e em argumentação rigorosa com alto nível de interpretação e julgamento pessoal. No ensaio há maior liberdade por parte do autor, no sentido de defender determinada posição sem que tenha de se apoiar no rigoroso e objetivo aparato de documentação empírica e bibliográfica. Às vezes, são encontradas teses, sobretudo de livre-docência e mesmo de doutorado, com características de ensaio que são bem aceitas devido seu rigor e à maturidade do autor. De fato, o ensaio não dispensa o rigor lógico e a coerência de argumentação e por isso mesmo exige grande informação cultural e muita maturidade intelectual. Daí muitos dos grandes pensadores preferirem esta forma de trabalho para expor suas ideias científicas ou filosóficas (SEVERINO, 2016).
É uma exposição metódica dos estudos realizados e das conclusões originais a que se chegou após apurado exame de um assunto. O ensaio pode ser informal ou formal. O ensaio informal é marcado pela liberdade criadora e pela emoção. O ensaio formal caracteriza-se pela seriedade dos objetivos e lógica do texto. Caracteriza-se pela brevidade, serenidade (deixa de lado a polêmica e o tom enfático), uso da primeira pessoa. Além disso o ensaio é problematizador, antidogmático e nele devem sobressair o espírito crítico do autor e a originalidade (MEDEIROS, 2019).
Exame de Qualificação
O exame de qualificação é a apresentação de um projeto de dissertação de mestrado ou da tese de doutorado apreciado por uma banca examinadora. É uma espécie de pré-banca. Geralmente não tem nota, apenas o resultado de aprovado ou reprovado e recebe sugestões e recomendações ao trabalho pesquisa. O aluno candidato deve atender às normas e aos procedimentos específicos de uma instituição, além das sugestões de seu professor orientador e da banca examinadora. Tem arguição realizada pela banca examinadora. Com a aprovação do exame de qualificação o aluno poderá prosseguir no desenvolvimento e na preparação da defesa da dissertação de mestrado ou tese de doutorado. Os itens a serem considerados no momento da oratória para apresentação do exame de qualificação são os mesmos da defesa de dissertação de mestrado e tese de doutorado (SOUZA, 2017).
A estrutura do relatório de pesquisa para exame de qualificação é a mesma de uma dissertação de mestrado ou tese de doutorado, acrescentando-se a ela cursos realizados e seu conteúdo, nome do professor, ou orientador, carga horária dos cursos realizados, número de créditos do curso, atividades realizadas, como fichamentos, resenhas, participação em simpósios, plano da pesquisa (uma espécie de sumário das seções a serem desenvolvidas), estágio em que se encontra o trabalho de pesquisa, rascunho de dois oi três capítulos e cronograma das etapas que falta cumprir (MEDEIROS, 2019).
Fichamento
Como o próprio nome indica, fichamento é um registro feito em fichas. Embora seja tradicional o uso de fichas em papel, atualmente é possível usar recursos digitais (versões web, desktop e app para smartphones). O fichamento serve basicamente para registrar informações sobre suas fontes e anotações feitas durante a leitura. É imprescindível na elaboração de trabalhos acadêmicos. Sem os fichamentos, você terá muita dificuldade para encontrar a citação certa quando estiver escrevendo seu artigo, monografia ou dissertação. Os fichamentos podem ser classificados em Fichamento de citação (nesse tipo de fichamento, você registra citações que você usará no seu trabalho) e Fichamento bibliográfico (neste tipo de fichamento, você registra a fonte – um artigo, livro ou capítulo de um livro) e um comentário pessoal sobre o texto (MOREIRA, 2021).
Informe Científico
O informe científico caracteriza-se como relato escrito que divulga os resultados parciais ou totais de uma pesquisa. É o mais breve dos trabalhos científicos, pois se restringe à descrição dos resultados iniciais alcançados de uma pesquisa em andamento. Também se faz referência a dificuldades encontradas. A divulgação do informe científico é feita em periódicos impressos ou eletrônicos, ou folhetos preparados para o evento. As instituições costumam informar sobre a extensão dos informes científicos, que normalmente, não ultrapassam a duas ou três páginas (MEDEIROS, 2019).
Mesa redonda
O objetivo da mesa redonda é apresentar pontos de vista diferentes de seus expositores com informações objetivas sobre determinado tema em que são especialistas. O fato de os expositores terem opiniões diferentes permite aos seus ouvintes formarem opinião própria. A participação dos ouvintes é permitida conforme a organização do evento por meio de perguntas por escrito ou de forma oral. Também tem um intermediador para conduzir a discussão (SOUZA, 2017).
Monografia
Trata-se de um item não seriado, isto é, item completo, constituído de uma só parte, ou que se pretende completar em um número preestabelecido de partes separadas. É um estudo particularizado que se faz de um determinado assunto ou tema, ou de um conjunto de aspectos de determinado assunto ou tema. É um termo genérico e utilizado de forma equivocada para diversos tipos de trabalhos científicos desenvolvidos para conclusão de cursos acadêmicos (graduação, mestrado ou doutorado) e assemelhados (FURASTÉ, 2013).
O termo monografia designa um tipo especial de trabalho científico. Considera-se monografia aquele trabalho que reduz sua abordagem a um único assunto, a único problema, com um tratamento especificado. Por isso, o uso deste termo para designar uma série de trabalhos escolares, ainda que resultantes de investigação científica, testemunha a incorreta generalização do conceito. O trabalho monográfico caracteriza-se mais pela unicidade e delimitação do tema e pela profundidade do tratamento do que por sua eventual extensão, generalidade ou valor didático. No momento, são abordadas aquelas formas de trabalho exigidas dos alunos durante os cursos de graduação e pós-graduação, mas como partes das atividades do processo didático, integrantes do processo de escolaridade. Ao contrário das dissertações, teses e ensaios, que embora possam ser trabalhos acadêmicos, são resultados de uma pesquisa ampla, profunda, rigorosa, autônoma e pessoal (SEVERINO, 2016).
Monografia é comumente definida como trabalho científico escrito que focaliza e aprofunda o conhecimento em um só tema (tratamento de um tema bem delimitado), utiliza de pesquisa e tem como objetivo apresentar uma contribuição relevante à ciência. Elas são descritivas, analíticas e a reflexão é sua tônica (HENRIQUES; MEDEIROS, 2017).
É um trabalho científico obrigatório, exigido como forma de avaliação de uma disciplina ou final de cursos de graduação, aperfeiçoamento ou especialização. Na monografia a proposta é pesquisar e escrever sobre um tema único e específico, bastante delimitado, não precisando ser inédito. A monografia, no contexto da formação acadêmica, representa o ápice de uma pirâmide em cuja base estão o método científico e as práticas de estudos eficazes. Assim, concluímos que o planejamento, a execução e a redação da monografia nos programas de graduação, além da defesa dos resultados em exame da banca, configuram um ritual de passagem, pois implicam uma ruptura com o processo de mera reprodução do já sabido, do já aprendido, e promovem crescimento e maturidade intelectual na medida em que pressupõem estabelecimento de novas relações entre o que já se sabe ou já se conhece, além de estabelecer a relação de independência existente entre os universos teórico e prático. O trabalho de monografia é elaborado com base em fontes bibliográficas que dispensam extensão em suas práticas científicas. É um trabalho técnico-científico apresentado de forma escrita e oral (SOUZA, 2017).
Documento que apresenta o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico retrospectivo, de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve diferenciar o conhecimento de literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do candidato. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor) visando à obtenção do título de mestre. A monografia, por sua vez, é um tipo de pesquisa científica que se concentra em um tema específico. Consequentemente, não é característica somente de um TCC, mas uma necessidade dos trabalhos científicos, sejam eles dissertações de mestrado, teses de doutorado, artigo científico, TCC: tratar de um tema único do início ao fim do trabalho, para que ele resulte de uma pesquisa profunda. Chamar apenas o TCC de monografia é uma impropriedade. Em relação ao uso da palavra tese para os trabalhos que objetivam o grau de doutor também pode produzir ambiguidade: em todos os trabalhos científicos se defende uma tese. Em alguns manuais de metodologia, o leitor encontra a expressão tese de mestrado, porque se trata realmente de defender uma tese, não há razão para escrever um texto científico qualquer se não se tem uma tese, um ponto de vista a defender (MEDEIROS, 2019).
Trata-se, portanto, de um estudo sobre um tema específico ou particular, com suficiente valor representativo, que obedece a rigorosa metodologia. Investiga determinado assunto não só em profundidade, mas também considerando todos os seus ângulos aspectos, dependendo dos fins a que se destina. Tem como base a escolha de uma unidade ou elemento social, sob duas circunstâncias: (1) ser suficientemente e representativo de um todo, cujas características são analisadas; (2) ser capaz de reunir os elementos constitutivos de um sistema social, ou de refletir as incidências e fenômenos de caráter autenticamente coletivo (MARCONI; LAKATOS, 2022).
Papers
Paper é um texto escrito para uma comunicação oral. Pode ser um conteúdo resumido ou integral da comunicação e tem como objetivo a publicação nas Atas ou Anais de eventos em que vai ser apresentado. É muito apreciado por professores em realizações de atividades pedagógicas. É importante esclarecer que Atas são registros escritos em que se relata o ocorrido numa sessão ou congresso e Anais são publicações periódicas de ciências, letras ou artes, organizadas ano a ano (SOUZA, 2017).
Em português, paper corresponde a ensaio, ou seja, trata-se de um posicionamento pessoal sobre um tema específico. O termo não encontrou acolhida entre os pesquisadores nacionais. Paper é um texto escrito de uma comunicação oral. Pode apresentar o resumo ou conteúdo integral da comunicação e tem por objetivo sua publicação nas atas ou anais do evento em que foi apresentada. Se o autor apenas compilou informações sem fazer avaliações ou interpretações sobre elas, o produto de seu trabalho será um relatório. Espera de quem apresenta um paper uma avaliação ou interpretação de fatos ou das informações que foram recolhidas, o desenvolvimento de um ponto de vista sobre um tema, uma tomada de posição definida e a expressão dos pensamentos de forma original (MEDEIROS, 2019).
Pesquisa Piloto ou Pré-Teste
O pré-teste é um teste da significância das respostas, aplicando exemplares a uma pequena população escolhida. A análise e a tabulação do pré-teste mostrarão falhas (inconsistência, complexidade ou polissemia nas questões, problemas de linguagem, perguntas supérfluas ou que causem embaraço ao informante, perguntas não ordenadas ou muito numerosas etc.), uma vez verificadas as falhas, ajusta-se o modelo, conservando, modificando, eliminando ou ampliando itens. Pode ser aplicado mais de uma vez, se necessário, para seu aprimoramento e aumento de validez. Deve também ser aplicado a populações semelhantes, mas nunca à que será alvo do estudo e por fim, deve-se testar no questionário: fidedignidade, validade e operatividade (MICHEL, 2015).
Terminado o projeto de pesquisa, é preciso testar os instrumentos que serão utilizados na pesquisa, como, por exemplo, o questionário, utilizado em algumas áreas do conhecimento (Marketing, Linguística, Economia, História, Sociologia). Por isso, diz-se que a principal função da pesquisa-piloto é testar o instrumento da coleta de dados. Durante a fase de aplicação do pré-teste, o pesquisador anotará as reações do entrevistado, grau de dificuldade de entendimento das questões propostas no questionário, embaraço quanto algumas questões. O pré-teste serve ainda para verificação de perguntas desnecessárias, supérfluas, inadequadas (MEDEIROS, 2019).
Uma vez terminado o projeto de pesquisa definitivo, com todas suas etapas previstas (as hipóteses enunciadas, as variáveis identificadas, a metodologia minunciosamente determinada, incluindo as provas inespecíficas a que serão submetidos os dados colhidos) se inicia o pré-teste. A pesquisa-piloto tem como uma das principais funções testar o instrumento de coleta de dados. É por esse motivo que se recomenda, mesmo se o instrumento definitivo for o questionário, a utilização, no pré-teste, do formulário, com espaço suficiente para que o pesquisador anote as reações do entrevistado, sua dificuldade de entendimento, sua tendência para esquivar-se de questões polêmicas ou delicadas, seu embaraço com questões pessoais etc. A pesquisa-piloto evidenciará ambiguidade das questões, existência de perguntas supérfluas, adequação ou não da ordem de apresentação das questões, se não são muito numerosas ou, ao contrário, necessitam ser completadas etc. Uma vez constatadas as falhas, reformula-se o instrumento, conservando, modificando, ampliando, desdobrando ou alterando itens. Outra importante finalidade da pesquisa-piloto é verificar a adequação do tipo de amostragem escolhido. O pré-teste é sempre aplicado para uma amostra reduzida, cujo processo de seleção é idêntico previsto para a execução da pesquisa, mas os elementos entrevistados não poderão figurar na amostra final (para evitar contaminação). Muitas vezes, descobre-se que a seleção é por demais onerosa ou viciada. Em suma, inadequada, necessitando ser modificada. Finalmente, o pré-teste permite também a obtenção de uma estimativa sobre os futuros resultados, podendo, inclusive, alterar hipóteses, modificar variáveis e relação entre elas. Dessa forma, haverá maior segurança e precisão para a execução da pesquisa (MARCONI; LAKATOS, 2022).
Projeto de Pesquisa
Documento que apresenta o plano previamente traçado para o desenvolvimento do trabalho final. A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) define projeto como descrição da estrutura de um empreendimento a ser executado e o Projeto de pesquisa como sendo uma das fases de pesquisa. É a descrição de sua estrutura (FURASTÉ, 2013).
Projeto de pesquisa é o documento que descreve todos os procedimentos necessários para a realização de uma pesquisa. O projeto de pesquisa é necessário para a obtenção de bolsas de estudo ou patrocínio de pesquisas; para ser apresentado ao orientador de uma monografia de final de curso; para o ingresso nos cursos de pós-graduação; para que o orientador seja informado a respeito da pesquisa que o candidato pretende desenvolver. As apresentações dos projetos são realizadas de forma escrita e oral (SOUZA, 2017).
O projeto de pesquisa é o principal instrumento de proposição de novas investigações científicas, especialmente contando com financiamento público ou privado, visando ao desenvolvimento de uma proposta temática, a ser executada dentro de um período de tempo determinado, para ser futuramente avaliada pela produção de resultados dos objetivos. Sua função é a de permitir a avaliação de uma proposta, avaliada pelo mérito científico nela contido, bem como, permitir o desenvolvimento da pesquisa científica, ainda no nível da formulação de hipóteses de trabalho, de objetos de pesquisa, de abordagens científicas ou de metodologias científicas. É, assim, o principal canal de entrada no universo da pesquisa científica criteriosa, institucionalizada e financiada (BITTAR, 2019).
Antes de escrever o relatório de pesquisa, o estudioso elabora um projeto de pesquisa, que inclui os elementos estruturais do texto. Durante o desenvolvimento da pesquisa, o projeto é aperfeiçoado: acrescentam-se a ele novos capítulos, novas seções: suprimem-se informações; trocam-se textos de lugar etc. projetos não são inflexíveis, camisas de forças. Na realização de um projeto de pesquisa, observa-se o estado em que se encontra o conhecimento do problema que se deseja resolver: existem outros estudos que tratam do assunto? A bibliografia a ser utilizada é atualizada? A teoria de base é adequada? O corpus estabelecido é suficiente? O quadro de referência e a metodologia escolhida são apropriados? (MEDEIROS, 2019).
Um projeto de pesquisa não deve seguir um único padrão ou um modelo ideal de planejamento, o importante é que contemple os aspectos necessários ao desenvolvimento, que seja viável de ser executado e que contenha: Formulação clara das questões que o pesquisador pretenda investigar, que podem ser abandonados, ou reformulados e até acrescidos a posteriori; Descrição detalhada da forma pela qual pretende responder e os possíveis caminhos a serem trilhados; Argumentação sobre a importância e relevância do estudo do ponto de vista acadêmico, social e para construção do conhecimento; Estabelecer as técnicas e formas de análise dos dados levantando os possíveis locais e sujeitos a serem consultados (SILVA; SILVA, 2022).
O planejamento da pesquisa concretiza-se mediante a elaboração de um projeto, que é o documento explicitador das ações a serem desenvolvidas ao longo do processo de pesquisa. Rigorosamente, um projeto só pode ser definitivamente elaborado quando se tem um problema claramente formulado, os objetivos bem determinados, assim como o plano de coleta e análise dos dados (GIL, 2022).
Projeto de pesquisa é uma das etapas do processo de elaboração, execução e apresentação dos resultados de uma investigação. O planejamento necessita de rigor, para evitar que o pesquisador, em determinada altura do trabalho, se encontre num emaranhado de dados colhidos, sem saber como dispor deles, ou reconheça desconhecimento de seu significado e importância (MARCONI; LAKATOS, 2022).
Pôsteres Técnicos e Científicos
O pôster técnico e científico, muito conhecido e tratado pelo nome de banner, é um tipo de instrumento de comunicação visual impressa e exposta com informações do tema de trabalho. O objetivo do pôster é apresentar as produções intelectuais por meio de um breve resumo de seu conteúdo, e a presença de seus autores permite aos participantes do evento esclarecer possíveis dúvidas, além de promover maior compreensão da pesquisa realizada. Mas há eventos em que a presença de seus autores não se faz necessária. A confecção e exposição das informações no pôster devem respeitar todas as normas e regras conforme padrão ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), normalizadas pela instituição. Em algumas instituições, há uma preocupação em preparar a exposição do conteúdo com a padronização do tema e até das roupas dos apresentadores. É uma forma de criar um equilíbrio visual, que acaba sendo apreciado pelo público participante (SOUZA, 2017).
Outra modalidade importante do trabalho científico é o pôster. A apresentação de pôster tem sido um instrumento de crescente utilidade em eventos e congressos científicos. Geralmente, o pôster não é apresentado de forma isolada, mas numa sala de pôsteres, ainda que as sessões de exibição e apresentação possam ser com horário definido, ou ainda, realizadas em salas isoladas, justamente para que o conteúdo fique exposto durante todo o evento/congresso científico para o conhecimento o mais amplo possível do público frequentador. Em termos de definição, o pôster é uma comunicação de resultados científicos e deve ser construído com foco nisso, sendo importante ressaltar que vem acompanhado da exposição oral e sustentação do conteúdo do pôster (5 a 10 minutos), por parte de seu (sua/s) autor(a/es). O formato do pôster não é algo indiferente nem irrelevante, e sim determinante, pois influencia na capacidade de comunicar os resultados, devendo-se observar os parâmetros gerais. (BITTAR, 2019).
Redação
Na redação, o texto deve ser redigido em frases curtas, na ordem direta, linguagem formal, positiva, direta, com rígida obediência à normal culta da língua. Além disso, é característica do científico a clareza, a precisão, concisão e rigor nos argumentos e análises. A linguagem do texto acadêmico deve ser neutra (evitar tratamentos pessoais), obedecendo às normas corretas de redação, pontuação e grafia, palavras simples, sem sofisticação de linguagem, gírias, “clichês”, expressões vulgares, parágrafos curtos. Adjetivos e advérbios devem ser usados com cuidado. Quando necessários, devem vir acompanhados de explicações, comprovações, argumentações. É importante ter sempre a clareza de que o texto científico convence não na força da palavra, mas no força do argumento (MICHEL, 2015).
A fase de redação consiste na expressão literária do raciocínio desenvolvido no trabalho. Guiando-se pelas exigências próprias da construção lógica, o autor redige o texto, confrontando as fichas de documentação, criando o texto redacional em que vão inserir-se. Uma vez de posse do encadeamento lógico do pensamento, esse trabalho é apenas uma questão de comunicação literária (SEVERINO, 2016).
A redação do trabalho científico consiste na expressão, por escrito, dos resultados da investigação. Trata-se de uma exposição fundamentada do material recolhido, estruturado, analisado, interpretado e elaborado de forma objetiva, clara e precisa. Supõe domínio do assunto e do nível de linguagem adequado que o pesquisador utiliza para transmitir seus conhecimentos. Torna-se, portanto, importante conhecer as normas especiais de linguagem científica (MARCONI; LAKATOS, 2022).
Relatório da Pesquisa de Iniciação Científica
Atividade científica desenvolvida no âmbito do Programa de Iniciação Científica (PIBIC), inicialmente, lançado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), é um programa que conta com promoção de outras agências de fomento, particularmente pelas FAPs (Fundações de Apoio à Pesquisa), estaduais, direcionando-se pelo fato de que estão vinculadas a uma bolsa, subsídio financeiro para que o aluno possa se dedicar mais intensamente à investigação, sendo também acompanhadas e avaliadas por comissões especializadas. No programa de Iniciação Científica, o graduando ou desenvolve um projeto pessoal, sob a supervisão de um orientador, ou então participa do desenvolvimento do projeto de pesquisa do próprio orientador, cumprindo um programa de trabalho integrado a esse projeto. Em ambos os casos, a atividade deve levar à condução de uma investigação cujo resultado será a elaboração de um trabalho com a formatação de um trabalho científico (SEVERINO, 2016).
Relatório Técnico e/ou Científico
Documento que descreve formalmente o progresso ou resultado de pesquisa científica e/ou técnica. É um relatório que apresenta, de forma sistemática, as informações necessárias, para um público especializado, traçando conclusões e realizando as devidas recomendações sobre o tema abordado. É desenvolvido em função e responsabilidade de um organismo ou de pessoa a quem será submetido (FURASTÉ, 2013).
Um relatório é uma forma de prestação de contas, informação periódica e sistemática dos resultados obtidos numa pesquisa ou num trabalho técnico. Como documento pertencente ao gênero técnico e científico, o relatório deverá obedecer as orientações básicas da ABNT(Associação Brasileira de Normas Técnicas). No seu desenvolvimento, definem-se as datas de apresentação, nas quais ele deverá ser submetido a uma instância superior, que terá a autoridade para aprová-lo ou não. Se rejeitado, o seu autor é convidado a refazê-lo em partes ou no todo. Se novamente rejeitado, o trabalho poderá ser cancelado, ou suspenso, por falta de condições favoráveis para sua continuação. O relatório técnico-científico é uma forma de prestação de contas de um trabalho, em períodos definidos priori, na qual o autor se propõe a mostrar resultados parciais ou finais, conclusões e recomendações, destacando as atividades realizadas, em consonância com o estabelecido no plano inicial. O relatório técnico-científico é adotado, por algumas instituições, como trabalho de conclusão de curso substitutivo do modelo monográfico. (MICHEL, 2015).
É um relatório de andamento ou de conclusão de pesquisa, trata-se de uma exigência institucional, oriunda seja de agências de fomento, seja de órgãos da própria instituição a que o pesquisador é vinculado. Os Relatórios técnicos de pesquisa, assim como os relatórios de outras atividades, não devem ser confundidos com o Memorial. O Relatório, além de se referir a um projeto ou a um período particular, visa pura e simplesmente historiar seu desenvolvimento, muito mais no sentido de apresentar os caminhos percorridos, de descrever as atividades realizadas e de apreciar resultados – parciais ou finais – obtidos. Obviamente deve sintetizar suas conclusões e os resultados até então conseguidos, sem, no entanto, a necessidade de conter análises e reflexões mais desenvolvidas, como é no Memorial. O relatório pode se iniciar com uma retomada dos objetivos do próprio projeto, passando, em seguida, à descrição das atividades realizadas e dos resultados obtidos. Se couber, como no caso dos Relatórios de andamento, deve ser encerrado com a programação das próximas etapas da continuidade da pesquisa. E não basta dizer que a pesquisa terá prosseguimento, é preciso detalhar e discriminar as várias atividades distribuídas nas várias etapas desse prosseguimento (SEVERINO, 2016).
Também conhecido como relatórios técnicos de pesquisa, são documentos que relatam resultados obtidos em investigação de pesquisa ou que descrevem a situação de uma questão técnica ou científica. Um relatório técnico-científico apresenta sistematicamente informações conforme exigência institucional, traça conclusões e faz recomendações. Podem ser utilizados também para apresentação de projetos que recebem financiamento ou bolsa de estudos. Há instituições em que a apresentação oral do relatório técnico é obrigatória (SOUZA, 2017).
A expressão relatório de pesquisa é usada tanto para referência a pesquisas científicas realizadas fora da universidade, quanto para cumprimento obrigações junto a instituições de fomento à pesquisa. Nas universidades, antes da defesa de uma dissertação de mestrado ou tese de doutorado, no exame de qualificação, o candidato apresenta um relatório do estágio em que se encontra a pesquisa. Um relatório técnico-científico responde às seguintes perguntas: O quê, Por quê? Para quê e para quem? Onde? Como? Com quê? Quanto? Quando? Quem? Com quanto? O pesquisador pode a utilizar técnicas para a elaboração da pesquisa; técnicas de pesquisa são o instrumental necessário a uma ciência para alcançar metas estabelecidas (MEDEIROS, 2019).
Se constitui do relato das mais diversas atividades, salientando entre elas a de uma pesquisa científica. Configura-se como texto em que se discorre detalhadamente sobre o desenvolvimento de um trabalho ou de uma pesquisa científica em determinado período. Como todo gênero textual, os relatórios também têm uma estrutura relativamente estável, que orienta tanto seu produtor como seu leitor (MARCONI; LAKATOS, 2022).
Resenha
Resenha, recensão de livros ou análise bibliográfica é uma síntese ou um comentário dos livros publicados feito em revistas especializadas das várias áreas da ciência, das artes e da filosofia. As resenhas têm papel importante na vida científica de qualquer estudante e dos especialistas, pois é através delas que se toma conhecimento prévio do conteúdo e do valor de um livro que acaba de ser publicado, fundando-se nesta informação a decisão de ler o livro ou não, seja para o estudo, seja para um trabalho particular. As resenhas permitem operar uma triagem na bibliografia a ser selecionada quando da leitura de documentação para a elaboração de um trabalho científico. Uma resenha pode ser puramente informativa, quando apenas expõe o conteúdo do texto; é crítica quando se manifesta sobre o valor e o alcance do texto analisado; é crítico-informativa quando expõe o conteúdo e tece comentário sobre o texto analisado. As críticas devem ser dirigidas às ideias e posições do autor, nunca a sua pessoa ou às suas condições pessoais de existência. É sempre bom contextuar a obra a ser analisada, no âmbito do pensamento do autor, relacionando-a com seus outros trabalhos e com as condições gerais da cultura da área, na época de sua produção. Na medida em que o resenhista expõe e aprecia as ideias do autor, ele estabelece um diálogo com este autor. Nesse sentido, o resenhista pode até mesmo expor suas próprias ideias, defendendo seus pontos de vista, coincidentes ou não com aqueles do autor resenhado (SEVERINO, 2016).
A resenha é um tipo de trabalho acadêmico que consiste em um resumo, uma descrição de fatos e temas elaborados por alguém que tem conhecimento profundo sobre o assunto e que de forma crítica descreve sobre determinado texto. A resenha é uma forma de apresentar ao leitor uma síntese de ideias, aponta objetivos, pontos positivos ou negativos, auxilia e facilita o leitor quando se deseja fazer a leitura de forma resumida de alguma obra científica. A obra que resulta em resenha pode ser um livro, artigo ou relatório científico. A resenha é apresentada de forma escrita, podendo em algumas situações ter a exigência de sua apresentação de forma oral (SOUZA, 2017).
As resenhas são resumos críticos redigidos por especialistas com análise crítica de um documento. O resenhista produz um texto que necessita, minimamente, estar de acordo com as orientações dadas [pelo editor de um periódico], descrever o objeto, situá-lo no contexto teórico da área do conhecimento e avaliar seu valor e a contribuição que traz para a disciplina, com uma crítica fundamentada (MEDEIROS, 2019).
A resenha em geral, é elaborada por um especialista que, além do conhecimento sobre o assunto, tem capacidade de juízo crítico. Também pode ser realizada por estudantes; nesse caso, como um exercício de compreensão crítica. A finalidade de uma resenha é informar o leitor, de maneira objetiva e cortês, sobre o assunto tratado no livro, evidenciando a contribuição do autor: novas abordagens, novos conhecimentos, novas teorias. A resenha visa, portanto, apresentar uma síntese das ideias fundamentais da obra. A resenha é um documento criado pelo leitor/observador contendo uma análise minuciosa e descritiva, por meio de uma avaliação completa deste documento, sendo inserido o ponto de vista, a crítica e a contribuição do mesmo. Sugere-se que se conheça o assunto antes de criticá-lo. O texto deve ser constituído em vários parágrafos e com extensão e ilimitada e, como todo o documento acadêmico, deve ser escrito em terceira pessoa – mesmo quando colocado seu ponto de vista crítico. A resenha crítica é um gênero de texto acadêmico e jornalístico, realizado por especialistas; compreende um conjunto de procedimentos, entre os quais se destacam a descrição minuciosa do texto e uma avaliação crítica do conteúdo da obra. Enfim, consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formação de um conceito de valor do livro feito pelo resenhista (MARCONI; LAKATOS, 2022).
O resenhista deve assumir o assunto e apontar falhas de informação encontradas, sem entrar em muitos pormenores e, ao mesmo tempo, tecer elogios aos méritos de obra, desde que sinceros e ponderados. Entretanto, mesmo que o resenhista tenha competência na matéria, isso não lhe dá o direito de deturpar o pensamento do autor. O resenhista não deve dizer que poderia ter produzido obra melhor; não deve procurar ressaltar suas próprias qualidades às custas de quem escreveu o livro comentado; e não há lugar, numa resenha científica, para perguntas retóricas ou para sarcasmo (MARCONI; LAKATOS, 2022b).
Resumo
Trabalho didático comumente exigido em escolas superiores. O resumo do texto é, na realidade, uma síntese das ideias e não das palavras do texto. Não se trata de uma “miniaturização” do texto. Resumindo um texto com as próprias palavras, o estudante mantém-se fiel às ideias do autor sintetizado. Não se deve confundir resumo/síntese, muitas vezes exigido como trabalho didático. Pode-se falar do resumo como síntese de um texto, qualquer que seja sua natureza, e de resumo técnico como modo de apresentação de um trabalho, com configuração específica (SEVERINO, 2016).
O resumo que se coloca à frente de artigos científicos, dissertações de mestrado, teses de doutorado ressalta o objeto, o problema que se propõe resolver, o método o quadro teórico que serve de embasamento para a argumentação, os resultados e as conclusões de um texto. O resumo é precedido da referência do texto, com exceção do resumo que acompanha o próprio texto. Para o pesquisador, o resumo é um instrumento de trabalho de grande utilidade. Por meio dele, pode tomar a decisão de utilizar determinado texto ou não em sua pesquisa (MEDEIROS, 2019).
O resumo, como tipo de trabalho acadêmico, apresenta os dados mais relevantes de um texto, seja ele proveniente de um livro, de uma pesquisa, de um material de aula ou de um outro documento qualquer.
Os resumos podem ser divididos em resumo de estudo ou de pesquisa:
a) Resumo de Estudo
Utilizado para condensar as informações, facilitando o aprendizado. Neste tipo de resumo é necessário que o acadêmico adote as seguintes técnicas:
- Ler o texto que se pretende resumir mais de uma vez para melhor compreensão;
- Selecionar as partes mais importantes, chamadas de partes primárias;
- Excluir as informações menos relevantes, chamadas de partes secundárias. Os comentários e citações são exemplos de partes de secundárias;
- Compactar e compilar as partes (primárias e secundárias) parafraseando-as, ou seja, reproduzindo a ideia do autor com palavras do próprio estudante.
Os resumos de estudo não possuem normas específicas, nem formatação padrão de apresentação, ou seja, não são regidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Portanto, não possuem limite de extensão. Cabe ao estudante diminuir a extensão textual, compactando as informações mais importantes a fim de tornar os estudos mais práticos e eficientes.
Sugere-se que o tamanho aproximado para um resumo de estudo bem trabalhado e fundamentado deve possuir uma extensão de até um terço da extensão total do texto original.
b) Resumo de Pesquisa
Utilizado para publicar e divulgar um trabalho de pesquisa (artigo, monografia, dissertação ou tese), sendo apresentado na língua vernácula e na língua estrangeira. Este tipo de resumo é regido pelas especificações da NBR 6028 da ABNT:
- O resumo deve ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões do documento;
- Deve ser precedido da referência do documento, com exceção do resumo inserido no próprio documento;
- Deve ser composto de uma sequência de frases concisas, afirmativas e não de enumeração de tópicos. Recomenda-se uso de parágrafo único.
- A primeira frase deve ser significativa, explicando o tema principal do documento. A seguir, deve-se indicar a informação sobre a categoria do tratamento (memória, estudo de caso, análise da situação, etc)
- Deve-se usar o verbo na voz ativa e na terceira pessoa do singular.
- As palavras-chave devem figurar logo abaixo do resumo, antecedido da expressão “Palavras-chaves”, separadas entre si por ponto e finalizadas também por ponto.
- Deve-se evitar: símbolos e contrações que não sejam de uso corrente; fórmulas, equações, diagramas etc. que não sejam absolutamente necessários; quando seu emprego for imprescindível, defini-los na primeira vez que aparecem.
- Quanto a sua extensão, os resumos devem ter: de 150 a500 palavras os de trabalhos acadêmicos (monografia de graduação, pós-graduação, dissertações e teses) e relatórios técnicos científicos; de 100 a 250 palavras os de artigos de periódicos científicos; de 50 a 100 palavras os destinados a indicações breves.
Seminários
O seminário é uma atividade acadêmica muito utilizada por professores como metodologia didático-pedagógica. Quando bem conduzidos propiciam aos alunos melhor aprendizado da pesquisa bibliográfica, discussão e debate em grupo. O seminário estimula ainda a capacidade de organizar fatos (raciocínio lógico, reflexão, interpretação crítica) e apresentar novas ideias, além de lidar com questões éticas. Os alunos aprendem como abordar um tema ou problema racionalmente, em seguida expondo o pensamento e submetendo-o a questionamentos, lidando com a controvérsia de opiniões. A discussão em grupo quebra a monotonia. Professores habilidosos aproveitam esses momentos para motivar e provocar maior participação do grupo de alunos que compõem a turma. O seminário, além de propiciar a discussão, aumenta o envolvimento dos alunos com o aprendizado da disciplina. Seminários podem ser desenvolvidos de forma individual ou em grupo, e o tempo de apresentação e os recursos a serem utilizados para exposição da pesquisa bibliográfica sobre o tema podem ser decididos pelos professores e alunos. São excelentes para exercer a prática de apresentações em público. A apresentação de um seminário é realizada de forma escrita e oral. É importante que os alunos estudem com profundidade o tema nas fontes pesquisadas. Deve-se dominar o assunto ensaiando e treinando bastante o conteúdo pesquisado (SOUZA, 2017).
Simpósio
Os simpósios podem ser considerados como apresentações de trabalhos e discussões científicas sobre determinado tema. Simpósios reúnem especialistas para apresentarem e discutirem pontos de vista diferentes de um mesmo tema dentro de determinada área do conhecimento. O objetivo principal é fomentar a discussão com informações e opiniões variadas, levando seus participantes à reflexão mais ampla sobre o tema. Seus participantes são pessoas interessadas no assunto e podem ser realizadas perguntas orais e escritas aos expositores, existem procedimentos formais e um intermediador para conduzir as sessões temáticas (SOUZA, 2017).
TCC – Trabalho de Conclusão de Curso
O TCC é um documento que apresenta o resultado de estudo, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido, que deve ser obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo independente, curso, programa, e outros ministrados. Deve ser feito sob a coordenação de um orientador (FURASTÉ, 2013).
O trabalho de conclusão de curso é parte integrante da atividade curricular de muitos cursos de graduação, constituindo assim uma inciativa acertada e de extrema relevância para o processo de aprendizagem dos alunos. Para a grande maioria, ele representa a primeira experiência de realização de uma pesquisa. Pode ser um trabalho teórico, documental ou de campo. Quaisquer que sejam as perspectivas de abordagem, atividade visa articular e consolidar o processo formativo do aluno pela construção do conhecimento científico em sua área. Embora o TCC tenha regulamentações específicas nas diversas instituições de ensino, em alguns casos, é prevista também apresentação e defesa públicas do trabalho, por banca examinadora própria, como via de avaliação final (SEVERINO, 2016).
O trabalho de conclusão de curso (TCC) é um trabalho monográfico, constituído por uma pesquisa inicial sobre um tema à escolha do aluno, sob orientação de um professor. É possível que o orientador, em diálogo com o orientado sobre a oportunidade da pesquisa, extensão do projeto, insuficiência de tempo, sugira outros objetos de pesquisa, mais apropriados ao estágio em que o orientado se encontra e à consecução de seus objetivos. O orientador funciona como membro mais experiente da comunidade científica que transfere para membros menos experientes sua experiência. No TCC, o orientado concentra-se na revisão bibliográfica, ou revisão de literatura. É um trabalho de assimilação de conteúdos, por meio de resenhas ou de confecção de fichamentos. Na introdução, o pesquisador formula claramente o objeto da investigação. Apresenta sinteticamente a questão solucionada. Na introdução, ainda apresentam-se a justificativa do trabalho e a metodologia utilizada na pesquisa, teoria base, quadro de referência (MEDEIROS, 2019).
O TCC é o primeiro passo da atividade científica do pesquisador. Algumas faculdades exigem que seus alunos realizem um trabalho científico de final de curso, geralmente denominado monografia (MARCONI; LAKATOS, 2022).
Tese
A tese de doutorado é considerada o tipo mais representativo do trabalho científico monográfico. Trata-se da abordagem de um único tema, que exige pesquisa própria da área científica em que se situa, com os instrumentos metodológicos específicos. Essa pesquisa pode ser teórica, de campo, documental, experimental, histórica ou filosófica, mas sempre versando sobre um tema único, específico, delimitado e restrito. Com maior razão do que no caso dos demais trabalhos científicos, uma tese de doutorado deve realmente colocar e solucionar um problema demonstrando hipóteses formuladas e argumentando com os leitores mediante a apresentação de razões fundadas na evidência dos fatos e na coerência do raciocínio lógico. Além disso, exige-se da tese de doutorado contribuição suficientemente original a respeito do tema pesquisado. Ela deve representar um avanço para a área científica em que se situa. Deve fazer crescer a ciência. Quaisquer que sejam as técnicas de pesquisa aplicadas, a tese visa demonstrar argumentando e trazer uma contribuição a relativa ao tema abordado (SEVERINO, 2016).
Documento que apresenta o resultado de um trabalho experimental ou apresentação de um estudo científico de tema exclusivo e bem delimitado. Deve ser elaborado com base em investigação original, constituindo-se em real contribuição para a especialidade em questão. É feito sob a coordenação do orientador (doutor) e visa a obtenção do título de doutor, ou similar (MEDEIROS, 2019).
A tese de doutorado é um trabalho de estudo científico com tema delimitado. Deve ser resultado de pesquisa rigorosa, contribuindo no campo do conhecimento com algo inédito e de relevância científica do tema. É realizada sob orientação de um professor com título de doutor e visa a obtenção do grau de doutor. Sua apresentação é feita de forma escrita e oral e definida de forma pública ao final do curso (SOUZA, 2017).
A tese constitui o relato de uma pesquisa exigida para obtenção do grau de doutor. Por meio dela, o pesquisador demonstra capacidade de fazer avançar a área de estudo a que se dedica. Se deseja a descoberta de algo que ainda não foi relatado em outras pesquisas ou uma contribuição para a ciência (MEDEIROS, 2019).
TGI -Trabalho de Graduação Interdisciplinar
Tanto o TCC quanto o TGI são trabalhos de conclusão para cursos de bacharelado, especialização ou aperfeiçoamento. Quando obrigatórios, têm como exigência sua entrega no final do curso ou da disciplina. Pode ser um trabalho teórico, documental ou de campo. É prevista apresentação pública do trabalho, com constituição de banca examinadora para aprovação final. O texto deve ser apresentado em normativas e diretrizes estabelecidas pela instituição. Tem o seu desenvolvimento ao longo do curso, sendo supervisionado por um orientador (SOUZA, 2017).
Trabalhos de Pesquisa
As diferenças entre os graus acadêmicos, se refere, sobretudo, à profundidade de abrangência das pesquisas realizadas, crescendo em complexidade da Iniciação Científica ao Doutorado. A proposta, no entanto, permanece: dentro das proporções, um relatório de iniciação científica pode ter as mesmas qualidades de um doutorado – está em jogo não o título, mas a pesquisa (MARTINO, 2018).
Trabalhos Didáticos ou Trabalhos Universitários
Alguns autores utilizam termos diferentes para trabalhos escolares universitário realizados ao longo do curso. Porém, entendemos que trabalhos didáticos e trabalhos universitários possuem significados e tipologias semelhantes, portanto são considerados sinônimos.
Os trabalhos didáticos são exigidos sobretudo nos cursos de graduação como tarefas da própria escolaridade, são relatórios científicos de estudos realizados pelos alunos. Ainda fazem parte intrínseca da formação técnica ou científica do estudante, já que levam os alunos a buscar, nas devidas fontes, elementos complementares àqueles adquiridos no próprio curso. Não se exige originalidade nestes trabalhos: são geralmente recapitulativos, com síntese de posições encontradas em outros textos ou em outras pesquisas. O que qualifica este tipo de trabalho é o uso correto do material preexistente, a maneira adequada de tratá-lo para que traga alguma contribuição inteligente à aprendizagem (SEVERINO, 2016).
Trabalho universitário é a atividade solicitada no decorrer de um curso sem obrigatoriedade de atender as normas técnicas cientificas e sem necessidade de catalogação. São compostos por resumos, resenhas, trabalho acadêmico disciplinar e tarefas de aula (MEDEIROS, 2019).
Trabalho Acadêmico Disciplinar
O trabalho acadêmico disciplinar pode ser dividido em:
a) Intradisciplinar
O trabalho acadêmico intradisciplinar é aquele trabalho comum solicitado pelo professor durante sua disciplina. Neste caso, se fornece um assunto ou um texto para que se estude e desenvolva uma fundamentação ainda não existente sobre um conteúdo da disciplina, a fim de que o aluno venha conhecer. É muitas vezes também apresentado em forma de seminário em sala de aula.
b) Interdisciplinar
Já o trabalho interdisciplinar envolve duas ou mais disciplinas do curso. Adequado para ser apresentado em eventos fora da sala de aula com uma exposição maior, como seminários, jornadas acadêmicas, congressos, entre outros eventos acadêmicos.
O trabalho acadêmico é dividido nas três partes básicas do corpo do trabalho: introdução, desenvolvimento e conclusão final.
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Referências Bibliográficas:
BITTAR, Eduardo C. B. Metodologia da Pesquisa Jurídica: teoria e prática da monografia para os cursos de direito. 16. Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas técnicas para o trabalho científico: Explicação das Normas da ABNT. 17. Ed. Porto Alegre: Dáctilo Plus, 2013.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2022.
HENRIQUES, Antonio; MEDEIROS, João Bosco. Metodologia da Pesquisa Jurídica. 9.ed. São Paulo: Atlas, 2017.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do Trabalho Científico: projetos de pesquisa, pesquisa bibliográfica, teses de doutorado, dissertações de mestrado, trabalhos de conclusão de curso.9. ed. São Paulo: Atlas, 2022.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2022b.
MARTINO, Luís Mauro Sá. Métodos de Pesquisa em Comunicação: projetos, ideias, práticas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2018.
MEDEIROS, João Bosco. Redação Científica: prática de fichamentos, resumos, resenhas. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
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