Sabe quantos tipos de conhecimentos existem? Tanto os estudantes dos mais variados cursos de graduação e pós-graduação como os pesquisadores necessitam do acompanhamento da metodologia científica e de seus princípios básicos.Com base em experiências da vida cotidiana, os conhecimentos surgiram como necessidades básicas e foram, tradicionalmente, classificados em três tipos de conhecimentos, o conhecimento empírico, teológico, filosófico e científico, e cada um conduz a um tipo de apropriação que um homem faz da realidade existencial. A ciência, por sua vez, como forma especial de conhecimento da realidade, conduz sempre a novas descobertas.
Como busca sistemática de conhecimentos, revisa teorias fundamentais das experiências do passado, reformulando-as cada vez mais e possibilitando, assim, uma constante renovação. Seguindo esse raciocínio, as palavras que se relacionam no processo do conhecer são o sujeito e o objeto. O sujeito desempenha papel ativo no processo de conhecimento, e o objeto por sua vez, é modelado pelo sujeito.
A humanidade, baseada em superstição e no desejo de conquistar a liberdade de pensamento, aos poucos abriu caminho para descrever os fenômenos que estavam ao alcance de sua inteligência, por intermédio da observação e da experimentação. Os povos antigos como os dos vales do Tigre e do Eufrates e das margens do Nilo, descobriram formas para medir áreas e volumes, baseados em cálculos numéricos; esclareceram o calendário para marcar época dos principais acontecimentos; e ainda fizeram registro dos eclipses. Um dos textos mais antigos que chegaram até nós foi o Papiro de Rhind ou de Ahmés. Compilado por volta de 1.700 anos a.C., por um escriba egípcio, de um manuscrito que se supõe ser de 3.400 a.C., esse Papiro trazia o seguinte título: Instruções para obter conhecimento sobre as estruturas e coisas obscuras. (FACHIN, 2017).
Conhecer
O ser humano é dotado da capacidade conhecer e de pensar. Conhecer e pensar constituem não somente uma capacidade, como também é uma necessidade para o homem; necessidade para a sua sobrevivência […]. Além disso, o conhecimento é necessário para o progresso do homem; conhecer é poder […]. A linguagem do mito encerra profundo conteúdo na medida exata em que traduz os anseios da natureza humana e por isso mesmo a revela a seu modo. De fato, os animais também são dotados de certa capacidade de conhecer; por isso, procuraram alimentos que lhes convém e evitam tudo que eles não lhe convêm; distinguem seus filhos e voltam para seus ninhos sem perigo de engano. Os animais conhecem a natureza para subjugar-se a ela cegamente; o homem conhece a natureza para subjugá-la […] (RUIZ,2009).
De forma bem simples, no processo do conhecimento, quem conhece consegue, de certo modo, apropriar-se do objeto que conheceu. Os órgãos do sentido atuam como captadores das imagens objetos concretos. Nessa imagem, já está a essência geral, o modelo do objeto (coisa) que o intelecto extrai, a qual é recebida pelo entendimento, realizando-se o conhecimento.
Segundo São Tomás de Aquino, as coisas concretas nos oferecem imagens sensíveis, a cognição dos princípios nos é dada pelos sentidos. Na maneira de adquirir o conhecimento, existe uma relação que se estabelece entre o sujeito que se conhece e o objeto cognoscente.
Na essência do conhecimento, ou seja, nos aspectos em que se relacionam, conhecimento, sujeito e objeto figuram as seguintes formas mentais: existência real do sujeito; existência real do objeto; captação real pelo sujeito objeto; e modelação do objeto pela ação do sujeito.
O conhecimento é uma adequação do sujeito com objeto, o primeiro tem seus meios de conhecimento e o objeto revela-se a ele conforme tais meios. Os sentidos nos apontam a maneira de ser das coisas ou objetos, e o que conhecemos das coisas ou objetos vai depender dos nossos sentidos. Observe que o conhecer é uma relação que se determina entre sujeito e objeto. Toda a compreensão exige um contato com o real. O intelecto traça seus contornos por meio da experiência com real, que nele se concretiza no ato de conhecer. O que conhecemos das coisas depende dos nossos sentidos. As formas dos objetos estão nas coisas concretas, que são essenciais. A determinação do conhecimento é a proporção entre e expressão intelectual e os objetos conhecido. É o acordo entre o significado e seu referente.
Contudo, vale dizer que o sujeito não conhece tudo das coisas, mas apenas parte. No processo do conhecimento, o sujeito toma posse, de certo modo, dos objetos conhecido. Os indivíduos (sujeitos) não são aptos a captar tudo o que as coisas apresentam. A própria ciência tem como função acumular conhecimentos, o que a conduz sempre a uma incessante revelação (FACHIN,2017).
Conhecimento
O progresso científico, de modo geral, é produto da atividade humana, por meio da qual o homem, compreendendo o que o cerca, passa a desenvolver novas descobertas. E, por relacionar-se com o mundo de diferentes formas de vida, ele utiliza-se de diversos meios de conhecimento, por intermédio dos quais evolui e faz evoluir o meio em que vive, trazendo contribuições para a sociedade. Entre esses tipos de conhecimentos, encontram-se o filosófico, o teológico e empírico e o científico (FACHIN, 2017).
A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade; um mesmo objeto ou fenômeno (uma planta, um mineral, uma comunidade ou as relações entre chefes e subordinados) pode ser matéria de observação tanto para o cientistas quanto para o homem comum; o que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar ou popular é a forma de observação (MARCONI; LAKATOS, ano 2017).
O conhecimento pode ser definido como a manifestação da consciência de conhecer. De forma mais simplificada, diz-se que ele existe quando a pessoa ultrapassa o ‘dado’ vivido, explicando-o. Ao viver, o ser humano tem experiências progressivas: da dor e do prazer, da fome e da saciedade, do quente e do frio. O conhecimento se dá pela vivência circunstancial e estrutural das propriedades necessárias à adaptação, interpretação e assimilação do meio interior e exterior ao ser. Ocorrem aqui as relações entre sensação, percepção e conhecimento, sendo que a percepção tem uma função mediadora entre o mundo caótico dos sentidos e o mundo mais ou menos organizado da atividade cognitiva.
É importante frisar ainda que o conhecimento e/ou o ato de conhecer existem como forma de solução de problemas próprios e comuns à vida.
Originalmente, o homem ao nascer, adapta-se progressivamente a um mundo já existente. Introduzido no processo de socialização, vai progressivamente interrogando sobre os significados do universo circundante, buscando respostas convincentes para as suas dúvidas e incertezas.
A exigência de conhecimento como forma de solução problemática, mais ou menos complexa, ocorre em torno do fluxo e refluxo e que se dá a base de idealização, pensamento, memorização, reflexão, e criação, os quais acontecem com maior e/ou menor intensidade, acompanhando parâmetros cronológicos e da consciência do refletido e do irrefletido.
Se o conhecimento é um processo dinâmico e inacabado, somente é possível considerá-lo dentro de uma visão dialética que se desdobra em um constante vir a ser, servindo como referencial para a pesquisa tanto qualitativa quanto como quantitativa das relações sociais, bem como para aquelas formas de busca de conhecimento próprias das ciências exatas, como as experimentais […] o conhecimento de todo e qualquer fato parte do homem como ser antropocêntrico e, os resultados obtidos retornam para o próprio homem e a sociedade (BARROS; LEHFELD, 2007).
Diferença entre Conhecer e Conhecimento
Para entender melhor essa diferença, vamos utilizar um exemplo clássico das relações humanas do dia a dia de qualquer pessoa.
“Conhecer” alguém significa que encontramos uma pessoa (pessoalmente ou por meio de seus feitos), que podemos reconhecê-la dentro de um grupo e que estamos cientes de sua existência. Mas, para ter “Conhecimento” sobre alguém, deve-se conhecer a pessoa de tal forma que possa descrever sua personalidade, prever seu comportamento ou atitudes e suas reações, assim como compreendê-la o bastante para explicar a terceiros.
Tipos de conhecimentos
O ser humano sente a necessidade de conhecer, de compreender o mundo o que cerca, e busca fazê-lo através de suas capacidades. Trata-se de uma relação que supõe três elementos: o sujeito, o objeto e a imagem que se tem da realidade.
O conhecimento não nasce no vazio. O homem pode adquirir conhecimentos por meio de sensações, da percepção, da imaginação, da memória, da linguagem, do raciocínio e da intuição. Há diversas modalidades ou tipos de conhecimentos, que se originam de diferentes fontes: a observação, as experiências acumuladas ao longo da vida, as crenças religiosas, relacionamentos e as diferentes leituras são fontes de conhecimento. (ASSIS, 2009).
Os cientistas devem escrever a fim de que suas descobertas sejam difundidas, disseminadas, divulgadas. A tarefa científica começa realmente quando o pesquisador empreende a busca de novos conhecimentos; em seguida, redige o relatório de sua investigação e prossegue com a divulgação de seu trabalho, a fim de que seus conhecimentos alcancem um público mais amplo, que posa compreender suas descobertas, os problemas focalizados e os resultados alcançados. (MARCONI; LAKATOS, 2018).
Conhecimento Popular/Vulgar (Senso comum)
O conhecimento vulgar ou popular, às vezes denominado senso comum, não se distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza dos objetos conhecidos: o que os diferencia é a forma, o modo ou método e os instrumentos do “conhecer”. Para alguns autores também é definido como conhecimento empírico.
Embora o bom-senso também aspire à racionalidade e à objetividade, ele só consegue atingir essa condição de forma muito limitada, visto que o conhecimento vulgar ou popular, lato sensu, é o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que adquirimos no trato direto com as coisas e os seres humanos: é um tipo de saber que preenche nossa vida diária e que possuímos sem o haver procurado ou estudado, sem a aplicação de um método e sem havermos refletido sobre algo.
O conhecimento popular é valorativo por excelência; pois se fundamenta em estados de ânimo e emoções: como conhecimento implica uma dualidade de realidades, isto é, de um lado o sujeito cognoscente, de outro, os objetos conhecidos e este é possuído, de certa forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito impregnam o objeto conhecido. É também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade com o objeto, não pode ser reduzido a formulação geral.
A característica de assistemático baseia-se na “organização” particular das experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das ideias, na procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados, aspectos que dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer. É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito ao que se pode perceber no dia a dia.
Finalmente, é falível e inexato, pois se conforma com aparência e com o que se ouviu dizer respeito do objeto. Em outras palavras não permite a formulação de hipóteses sobre a existência de fenômenos situados além das percepções objetivas. (MARCONI; LAKATOS 2017).
O conhecimento empírico é um tipo de conhecimento adquirido independentemente de estudos, pesquisas, reflexões ou aplicações de métodos. Em geral, é um conhecimento que se conquista na vida cotidiana e, muitas vezes ao acaso, fundamentado apenas em experiências vivenciadas ou transmitidas de uma pessoa para outra, fazendo parte das antigas tradições. Esse conhecimento também pode derivar experiências causais, por meio de erros e acertos, sem a fundamentação dos postulados metodológicos.
O primeiro nível dos contatos entre o intelecto e o mundo sensível se faz sentir pelo conhecimento empírico, pois ele se contenta com as imagens superficiais das coisas, com a visão ingênua contexto exterior.
Por suas características, o conhecimento empírico não estabelece relações significativas de suas interpretações, proporcionando uma imagem fragmentária da realidade. A forma pela qual se conduz só permite estabelecer relações vagas e superficiais entre as informações conseguidas.
As declarações do conhecimento empírico referem-se à vivência imediata dos objetos ou fatos observados, e possui grandes limitações. Por ser conhecimento do dia a dia e preso a convicções pessoais, passa a ser muitas vezes, incoerente e até impreciso. Outras vezes, produz crenças arbitrárias, com inúmeras interpretações para a complexidade dos fatos. Geralmente, isso é fruto de uma inclinação de interesses voltados para os assuntos práticos e aplicáveis somente as áreas de experiência cotidiana.
O conhecimento empírico é considerado prático, pois sua ação se processa segundo os conhecimentos adquiridos nas ações anteriores, sem nenhuma relação científica, metódica ou teórica. E quando obtido por informações, ele tem ligação e explicação com uma ação humana. Seus acontecimentos procedem da vivência e parecem contidos previamente nos limites do mundo empírico.
Exemplificando o conhecimento empírico, as pessoas que sabem escrever conhecem os objetos, neste caso um lápis, porém, poucas notam que ele é composto de grafite, que é um condutor de energia.
O conhecimento empírico é a estrutura para se chegar ao conhecimento científico; embora de nível inferior, não deve ser menosprezado. Ele é a base fundamental do conhecer e já existia muito antes do ser humano imaginar a possibilidade da existência da ciência. (FACHIN, 2017).
É o conhecimento do dia a dia e que se obtém pela experiência cotidiana. É espontâneo e focalista, sendo, portanto, considerado incompleto. Acontece ao acaso e não é explicado rigorosamente, por isso é carente de objetividade. Ocorre por meio do relacionamento diário do homem com as coisas, não havendo intenção nem preocupação de atingir o que objeto contém além das aparências. Trata-se de conhecimento constituído por opiniões e modos acríticos de perceber a realidade (BARROS; LEHFELD, 2007).
Algumas características do Conhecimento Vulgar
a) Sensitivo: é a característica que se dá segundo a faculdade do sujeito cognoscitivo em sentir aquilo que lhe é meramente agradável ou desagradável. Trata-se do dado mais elementar daquilo que é imediatamente vivido pelo sujeito situado no mundo. Nessa característica, o homem em seu processo de conhecimento não consegue discernir o essencial do acidental, apreendendo apenas aspectos externos dos objetos e dos fatos. Não ocorre, por conseguinte, a interpretação além do dado e imediatamente vivido. Essa característica se torna mais compreensível no plano qualitativo quando nossa experiência real parece ser a da percepção e não a da sensação. Refere-se a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária.
b) Superficial: conforma-se com a aparência, com o que se pode comprovar simplesmente estando junto das coisas: expressa-se por frases como “porque o vi”, “porque o senti”, “porque o disseram”, “porque todo mundo o diz”. Retém-se aquilo que é aparente, sem se ater a análise de antecedentes e consequências que provocam a ocorrência do fenômeno.
c) Subjetivo: há, nesse caso, uma concepção individual e particular das coisas que estão dispostas no cosmo. Trata-se do conhecimento direto com o mundo objetivo imediato, em que se projeta o eu individual com sua competência espontânea e sensitiva. É subjetivo pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos, tanto os que adquire por vivência própria quanto os por ouvir dizer
d) Assistemático: não possui definições metodológicas que permitam a ordenação intencional e generalizada de fases que viabilizem a construção de um modelo inteligível, simples, preciso e verificável do mundo que se vive. Consequentemente, o saber é dispersivo e assistemático. É assistemático pois sua organização das experiências não visa a uma sistematização das ideias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa de validá-las.
e) Impregnado de projeções psicológicas: trata-se de um conhecimento impregnado de ilusão e paixões. Tal é o caso das superstições, das explicações provindas da astrologia e de algumas crenças que impregnam comportamento do homem. Nesse caso, as concepções projetam os sentimentos e as disposições adquiridas através das transições sociais e culturais.
f) Acrítico: verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica (BARROS; LEHFELD, 2007). (MARCONI; LAKATOS, 2017).
Conhecimento Filosófico
A palavra filosofia foi introduzida por Pitágoras e é composta de philos, ‘amigo’, e sophia, (sabedoria). Etimologicamente, essa ciência tida como a expressão da universalidade do conhecimento humano, de tal forma que a fonte de todas as áreas e todas as ciências não só dependem dela como nela se incluem (BARROS; LEHFELD, 2007).
A filosofia teve seu início na Jônia, Ásia menor, com Tales de Mileto, e na Magna Grécia, sul da Itália, no século VI a.C. Após o sucesso de Atenas na luta contra os persas, desviou-se e expandiu-se a sabedoria na Grécia. Nesses conhecimentos tiveram grande destaque Sócrates (cerca de 469-399 a. C), Platão (aproximadamente 427-347 a. C) e Aristóteles (por volta de 384-322 a. C). Por conseguinte, o pensamento filosófico difundiu-se por todo o mundo civilizado, com uma tradição que prevalece até os dias atuais.
O grande mérito da filosofia é justamente desenvolver no ser humano a possibilidade de reflexão ou a capacidade de raciocínio. Ela não é uma ciência propriamente dita, mas a busca do saber. A filosofia, ou seja, a reflexão crítica, deve ser uma atitude de todas as pessoas que se propõem a fazer qualquer estudo, pois exercita e educa o intelecto; caso o homem não se esforce para isso, seu raciocínio tende a atrofiar-se.
Em filosofia, podemos falar, especificamente sobre duas fases que conduzem a reflexão. A primeira tem como ponto de partida os objetos reais, e é denominada realismo; a segunda, as ideias que é designada idealismo. Ambas as fases são criticadas pelos estudiosos. O problema do alcance do conhecimento é distinto, porque o fato de que somos capazes de chegar ao verdadeiro deixa de subsistir a questão a respeito de saber que verdade ou que coisas somos efetivamente suscetíveis de conhecer.
Podemos, aqui, distinguir duas opiniões que contém muitas variantes: uma afirma que é possível conhecermos ideias (idealismo) e outra admite que conhecemos as coisas reais (realismo). A reflexão traz, sobretudo, uma crítica analítica e sistemática em torno de todas as coisas, objetos reais, e sobre as questões ideais que envolvem o pensamento e ação humana.
Entende-se que o conhecimento filosófico é um tipo de conhecimento que extrai, tanto das ciências já existentes como das demais, preocupações da inteligência do homem, suas metas gerais. De modo geral, as ciências progrediram rapidamente graças auxílio do conhecimento da filosofia dos séculos XV e XVI. Com base nas reflexões, por exemplo, dos estudos de Galileu, que relacionava as leis do movimento, surgiu a mecânica clássica; as invenções de Newton adquiriram autoridade nas ciências físicas, comparando-se a Aristóteles e a tantos outros estudiosos tradicionais.
Enquanto existir a filosofia natural, seu último e mais elevado objetivo será a correlação de várias observações físicas em um sistema unificado e, se possível, de uma única maneira.
O conhecimento filosófico conduz a reflexão crítica sobre os fenômenos e possibilita informações coerentes. Seu objetivo é o desenvolvimento funcional da mente procurando educar o raciocínio. O estudioso, ao obter as informações das operações mentais e todas as suas formas de processá-las, chega raciocínio lógico e a um espírito científico como hábito. É a razão que nos dá o conhecimento; a intuição permite que a razão coordene, analise e sintetize em uma visão clara e ordenada.
A razão é considerada pelos filósofos uma faculdade do espírito, a mais elevada, cuja função consiste em ordenar nossos conhecimentos segundo relações determinadas, fazendo conexões de acordo com seus princípios de identidade, de razão suficiente, de casualidade e também segundo a implicância e complicância, como relações de espécie e gênero, bem como a faculdade de raciocinar, de comparar juízos, ideias para captar as diferenças e semelhanças ideais e partir dos princípios para as consequências, ou, reversivelmente das consequências para os princípios.
Percebe-se que o homem é atraído pelo intelecto; a razão deduz e induz e ainda demonstra, atraindo também relações entre os fatos (objetos) de estudos. Devemos reparar que o conhecimento filosófico não está isolado no topo da atividade intelectual. Ele oferece seus princípios às ciências de todas as áreas do saber, enquanto o conhecimento científico oferece à filosofia novos dados, capazes de transformar e reformular os princípios gerais, tornando-os passíveis de novas descobertas.
Existe profunda interdependência entre o conhecimento filosófico e os demais, como científico, o teológico e o empírico. O conhecimento filosófico unicamente guia para reflexão e conduz a elaboração de princípios e valores universais válidos. Não está isolado dos outros tipos de conhecimentos, pois se dispõe como um elemento dinâmico e operante no processo geral do conhecimento humano. (FACHIN,2017).
A filosofia prática ou normativa por sua vez, envolve a lógica material ou formal; à ética individual, familiar e social; e a estética. Nesse sentido, filosofia é a ciência das primeiras causas e princípios. É destituída de objeto particular, mas assume o papel orientador de cada ciência na solução de problemas universais. Progressivamente, constata-se que cada área de conhecimento se desvincula da filosofia em função da forma como trata o objeto (matéria). Em toda a trajetória filosófica, surgiram ideias e teorias de grandes filósofos convergentes e/ou divergentes. Portanto, se há generalidades não há consenso […] (BARROS; LEHFELD, 2007).
O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação: as hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência e na experimentação, por esse motivo, o conhecimento filosófico não é verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados nem refutados.
É racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Tem a característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de aprendê-la em sua totalidade.
Por último, é infalível e exato, visto que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do instrumento capaz de aprender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses não são submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação).
O conhecimento filosófico, portanto, é caracterizado pelo esforço da razão pura para questionar os problemas humanos, recorrendo apenas às luzes da própria razão humana. Assim, enquanto o conhecimento científico abrange fatos concretos, positivos, e fenômenos perceptíveis pelos sentidos, por meio do emprego de instrumentos, técnicas e recursos de observação, o objeto de análise da filosofia são ideias, relações conceptuais, exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que é exigida pela ciência experimental.
O método por excelência da ciência é o experimental: ela caminha apoiada nos fatos reais e concretos, afirmando somente o que é autorizado pela experimentação. Ao contrário, a filosofia emprega o método racional, no qual prevalece o processo dedutivo, que antecede a experiência, e não existe confirmação experimental, mas somente coerência lógica
O procedimento científico leva a circunscrever, delimitar, fragmentar e analisar o que se constitui objeto da pesquisa, atingindo segmentos da realidade, ao passo que a filosofia se encontra sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto, procura responder as grandes indagações de espírito humano e, até, busca as leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência (MARCONI; LAKATOS, 2017).
Conhecimento Religioso (Teológico)
O conhecimento religioso, isto é, teológico, é um tipo de conhecimento que apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdade são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas);é um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências não são verificáveis: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado.
Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as verdades de que trata são infalíveis e indiscutíveis por consistirem em revelações da divindade (sobrenatural). A adesão das pessoas passa a ser um ato de fé, pois o mundo é interpretado como decorrente do ato de um criador divino, cujas evidências não são postas em dúvida nem sequer verificáveis.
Na realidade, se vai mais longe: se o fundamento do conhecimento científico consiste na evidência dos fatos observados e no controle experimental deles e o fundamento do conhecimento filosófico e de seus enunciados consiste na evidencia lógica, fazendo com que em ambos os modos de conhecer deve a evidência resultar da pesquisa dos fatos, ou da análise do conteúdo dos enunciados, no caso do conhecimento teológico, o fiel não se detém neles à procura de evidência, mas da causa primeira, ou seja, da revelação divina. (MARCONI; LAKATOS ano 2017).
É produto do intelecto do ser humano, o qual recai sobre a fé; provém das revelações do mistério oculto ou do sobrenatural, que são interpretadas como mensagens ou manifestações divinas. Este conhecimento está intimamente relacionado a fé e a crença deífica, ou ainda a um deus seja este Deus, Jesus Cristo, Maomé, Buda, um ser invisível ou uma autoridade suprema, com quem o ser humano se relaciona por meio de sua fé de sua crença religiosa. Não importa qual é a crença, tampouco qual é o seu deus; importa, porém, sua fé.
De modo geral, o conhecimento teológico apresenta respostas para as questões que o ser humano não pode responder com os demais conhecimentos (filosófico, empírico ou científico), pois envolve uma aceitação, ou não, como consequência da fé que o aceitante deposita na existência de uma divindade.
A fé religiosa é um fato que nem a teologia nem a ciência que estuda o fato religioso podem explicar ou justificar perfeitamente. A fé religiosa é de ordem místico- intuitiva, e não racional-analítica. Os levantamentos bibliográficos sobre este assunto são unânimes ao dizer que a fé é a vida do homem em suas relações sobre-humanas, ou seja, a vida do homem em relação ao poder de Deus que o criou. Os ontologistas vão além, dizendo que não é necessário demonstrar a existência de Deus, porque, segundo eles, esta é imediatamente evidente, e não demostra a evidência – ela vale por si só.
Cada indivíduo, desde os primórdios até os dias atuais, pode ter Deus de diversas formas, o que não invalida o conhecimento teológico, pois se trata de um conhecimento sem fundamentação racional ou sustentação lógica ou científica, cuja base é a crença em uma palavra revelada.
O Conjunto teológico é uma verdade indiscutível ao ser humano que é essencialmente radicado em uma fé; a prova mais concreta disso reside no fato de jamais terem encontrado uma tribo, por mais selvagem que seja totalmente destituída de algum culto ou ideia religiosa.
A fé manifesta-se por meio da capacidade que a pessoa possui para pensar, sentir e querer. Ela tem morada na parte invisível e espiritual, e é nisso que consiste todo seu poder, pois assim se possibilita uma operação unida e coesa de suas faculdades. Consiste mais em ser do que em fazer. O ser humano dificilmente deixará de ter um conhecimento teológico, pois as experiências da própria vida estão ligadas a revelações da própria vida estão ligadas a revelações divinas e a fé (FACHIN,2017).
Conhecimento Científico (Real)
O conhecimento científico é um tipo de conhecimento que pressupõe aprendizagem superior. Caracteriza-se pela presença do acolhimento metódico e sistemático dos fatos da realidade sensível. Por meio da classificação, da comparação da aplicação dos métodos, da análise e síntese, o pesquisador extrai do contexto social, ou do universo, princípios e leis que estruturam um conhecimento rigorosamente válido e universal. Esse conhecimento se preocupa com abordagem sistemática dos fenômenos (objetos), tendo em vista seus termos relacionais que implicam noções básicas de causa e efeito. Difere do conhecimento empírico pela maneira como se processa e pelos instrumentos metodológicos que utiliza. Englobando as sequências de suas etapas, o conhecimento científico configura um método (FACHIN,2017).
O conhecimento científico factual, lida com ocorrências ou fatos. Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida por meio da experimentação e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos.
Possui a característica de verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final; por esse motivo é aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.
Apesar da separação metodológica entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, no processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar nas diversas áreas: ao estudar o homem, por exemplo pode-se tirar uma série de conclusões sobre sua atuação na sociedade, com base no senso comum ou na experiência cotidiana; pode analisá-lo como um ser biológico, verificando, com base na investigação experimental as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode questioná-los quanto a sua origem e destino, assim como sua liberdade; finalmente pode-se observá-lo como ser criado pela divindade a sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados.
Essas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, está filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos da sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes de senso comum. (MARCONI; LAKATOS, 2017).
O conhecimento científico procura alcançar a verdade dos fatos (objetos), independentemente da escala de valores e das crenças dos cientistas; resulta de pesquisas metódicas e sistemáticas da realidade. Como o objeto da ciência é universo material, físico, naturalmente perceptível pelos órgãos dos sentidos ou mediante ajuda de instrumentos de investigação, o conhecimento científico é verificável na prática, seja por demonstração, seja por experimentação.
Além disso, como tem o firme propósito de desvendar os segredos da realidade, explica-os e demonstra-os com clareza e precisão, descobrindo suas relações de predomínio, igualdade ou subordinação com outros fatos ou fenômenos. Assim, conclui-se que são leis gerais, universalmente válidas para todos os casos da mesma espécie. De maneira geral, conhecimento científico prende-se aos fatos, isto é, tem uma referência empírica, e, embora parte deles, transcenda-os. Vale-se da testagem empírica para formular respostas aos problemas e apoiar as próprias afirmações.
Normalmente, exige constante confrontação com a realidade e procura dar forma de problema mesmo ao que já é aceito. Suas formulações são gerais, abrangendo o objeto particular ou o fato singular que pertençam a outra classe ou lei. Contudo, sempre se pressupõe que todo fato ou objeto sejam classificáveis e matéria estudo. Os eventos históricos apontam inúmeras descobertas científicas. Como exemplo, podemos mencionar, na área das ciências médicas, o médico e cientista brasileiro Vital Brasil, que desenvolveu um antídoto para picada de cobras venenosas. O soro antiofídico que conseguiu preparar se tornou conhecido e aplicado em todo o mundo (FACHIN,2017).
O conhecimento científico se diferencia do popular muito mais no que se refere a seu contexto metodológico do que propriamente a seu conteúdo. Essa diferença ocorre também em relação aos conhecimentos filosófico e religioso (teológico) e sistematiza as características dos quatro tipos de conhecimentos (MARCONI; LAKATOS, 2017):
Referências Bibliográficas:
ASSIS, Maria Cristina de. Metodologia do trabalho científico. In: Evangelina Maria B. de Faria; Ana Cristina S. Aldrigue. (Org.). Linguagens: usos e reflexões. 3. Ed. João Pessoa: Editora Universitária UFPB, 2009. Disponível em: <http://biblioteca.virtual.ufpb.br/files/metodologia_do_trabalho_cientifico_1360073105.pdf> Acesso em: 13 mar. 2018.
BARROS, Aidil Jesus da Silveira Barros; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
FACHIN, Odília. Fundamentos da Metodologia: noções básicas em pesquisa científica. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do Trabalho Científico. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para eficiência dos estudos. 6. ed. São Paulo: 2009.