Indução e Dedução são operações mentais, formas de raciocínio, conclusões baseadas na reflexão e não, apenas, do livre curso do pensamento, que se alimenta da realidade externa e é produto direto da experiência; é natural, dispersivo, espontâneo, tem compromisso com o sentimento, com a opinião.
A reflexão requer esforço de concentração; é dirigida e planificada; nela, a conclusão do raciocínio é o último elo da cadeia lógica de ideias; o raciocínio é ordenado, coerente, lógico. (MICHEL, 2015).
Os métodos racionais são aqueles que fazem parte da estrutura do raciocínio. Este por sua vez, é um procedimento coerente que coleta elementos relativos de faculdade espiritual própria do homem, qual seja, a razão. Esses elementos se processam pelo método indutivo (análise) e pelo método dedutivo (síntese), os quais constituem procedimentos fundamentais para a compreensão de fatos por meio da Ciência. (FACHIN, 2017).
Relação entre Método Dedutivo e Indutivo
Indução e dedução são duas formas de raciocínio, isto é, procedimentos racionais de argumentação ou de justificação de uma hipótese. A ciência trabalha, pois, com raciocínios indutivos e com raciocínios dedutivos. Quando passa dos fatos às leis, mediante hipóteses, está trabalhando com a indução; quando passa das leis às teorias ou destas aos fatos, está trabalhando a dedução. (SEVERINO, 2016).
Os aspectos relevantes entre os métodos é que enquanto o método indutivo parte da observação de alguns fenômenos de determinada classe para todos daquela mesma classe, o método dedutivo parte de generalizações aceitas do todo, de leis abrangentes, para casos concretos, partes da classe que já se encontram na generalização. (MARCONI; LAKATOS, 2017).
O método indutivo, utilizando-se da experimentação, estabelece a ideia diretriz que fornece o termo médio (o sujeito da premissa maior) do argumento experimental que não é fruto da dedução. O processo dedutivo vai mostrar se essa ideia diretriz obtida pela indução é verdadeira, ou seja, o processo dedutivo vai provar a sua veracidade. Enquanto o método indutivo possibilita a extensão do conhecimento, o método dedutivo, por um processo regressivo, vai provar a sua certeza. (SANTOS; PARRA FILHO, 2017).
Diferenças entre os Métodos Dedutivos e Indutivos
Os dois tipos de métodos ou argumentos têm dificuldades específicas. O método dedutivo tem o propósito de explicitar o conteúdo das premissas; o método indutivo tem a finalidade de aumentar o alcance dos conhecimentos. Tanto o método indutivo como o método dedutivo fundamentam-se em premissas. O propósito básico desses argumentos é obter conclusões verdadeiras a partir de premissas verdadeiras. Assim, quando as premissas são verdadeiras, o melhor que se pode dizer é que a sua conclusão é provavelmente verdadeira. A indução e a dedução são processos que se complementam. (BARROS; LEHFELD, 2014).
Na dedução, se as premissas são verdadeiras, a conclusão só pode ser verdadeira, pois as informações já estavam implícitas nas premissas. Na indução tenta-se generalizar a relação de casualidade entre dois fenômenos, mesmo se verificada para um número restrito de vezes, e concluir, da relação causal, a lei. A indução é empírica, experimental e hipotética. A dedução encarrega-se de provar se a lei é verdadeira em todos os casos. A indução possibilita a extensão do conhecimento, é imaginosa, criativa. A dedução é lógica, segura e tem a comprovação dos fatos. (MICHEL, 2015).
O método indutivo procede inversamente ao método dedutivo: parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares. As conclusões obtidas por meio da indução correspondem a uma verdade não contida nas premissas consideradas, diferentemente do que ocorre com a dedução. Assim, se por meio da dedução chega-se a conclusões verdadeiras, já que baseadas em premissas igualmente verdadeiras, por meio da indução chega-se a conclusões que são apenas prováveis. (GIL, 2019).
Semelhanças entre os Métodos Dedutivos e Indutivos
A busca da verdade pode ser feita tanto pela indução, como pela dedução. Na última, há uma verdade incontestável; na primeira, probabilidades. Se o homem só trabalhar com raciocínios dedutivos, a ciência não progredirá; apenas se confirmará. Através das induções, proposições de verdades, serão descobertos novos caminhos, novas leis, novos princípios úteis ao bem-estar da humanidade. (MICHEL, 2015).
Características que distinguem Métodos Dedutivos dos Indutivos
Dois exemplos servem para ilustrar diferenças entre as características dos argumentos dedutivos e indutivos (MARCONI; LAKATOS, 2019):
Exemplo Dedutivo:
Todo mamífero tem um coração.
Ora, todos os cães são mamíferos.
Logo, todos os cães têm um coração.
Exemplo Indutivo:
Todos os cães que foram observados tinham um coração.
Logo, todos os cães têm um coração.
a) Característica 1: no argumento dedutivo, para que a conclusão “todos os cães têm um coração” fosse falsa, uma das ou as duas premissas teriam de ser falsas: ou nem todos os cães são mamíferos ou nem todos os mamíferos têm um coração. Já no argumento indutivo, é possível que a premissa seja verdadeira e a conclusão, falsa: o fato de não ter, até o presente, encontrado um cão sem coração não é garantia de que todos os cães tenham um coração.
b) Característica 2: quando a conclusão do argumento dedutivo afirma que todos os cães têm um coração, está dizendo alguma coisa que, na verdade, já estava incluídas nas premissas; portanto, como todo argumento dedutivo, reformula ou enuncia, de modo explícito, a informação já contida nas premissas. Dessa forma, se a conclusão, a rigor, não diz mais que as premissas, ela tem de ser verdadeira, se as premissas o forem. Por sua vez, no argumento indutivo, a premissa refere-se apenas aos cães já observados e a conclusão diz respeito a cães ainda não observados; portanto, a conclusão enuncia algo não contido nas premissas. É por esse motivo que a conclusão pode ser falsa, mesmo que as premissas sejam verdadeiras, visto que pode ser falso o conteúdo adicional que encerra.
Finalidades dos Métodos Dedutivos e Indutivos
Os dois tipos de argumentos têm finalidades diversas: o método dedutivo tem o propósito de explicar o conteúdo das premissas; o método indutivo tem o desígnio de expandir o alcance dos conhecimentos. Analisando isso sob outro enfoque, diríamos que os argumentos dedutivos ou estão corretos ou incorretos, ou as premissas sustentam, de modo completo, a conclusão ou, quando a forma é logicamente incorreta, não a sustentam de forma alguma; portanto, não há graduações intermediárias. Contrariamente, os argumentos indutivos admitem diferentes graus de força, dependendo da capacidade das premissas de sustentarem a conclusão. Resumindo, os argumentos dos métodos indutivos aumentam o conteúdo das premissas, com sacrifício da precisão, ao passo que os argumentos dos métodos dedutivos sacrificam a ampliação do conteúdo, para atingir a certeza. Os exemplos citados mostram as características e a diferença entre os argumentos dos métodos dedutivos e dos métodos indutivos, mas não expressam sua real importância para a ciência. (MARCONI; LAKATOS, 2019).
No raciocínio dedutivo, se as premissas são verdadeiras e a forma é correta, a conclusão será verdadeira. Na indução, mesmo que todas as preposições do antecedente sejam verdadeiras, a conclusão pode não o ser. Sem ela, no entanto, a ciência não apresentaria progresso, ou seja, a dedução é tautológica; não se diz nada além do que contém a premissa maior, enquanto a indução nos possibilita, ainda que provisoriamente (e essa é uma característica da ciência), afirmar algo que não estava contido nas premissas anteriores. (MEDEIROS, 2019).
Exemplos de aplicação dos Métodos Dedutivos e Indutivos para o Conhecimento Científico
A relação entre evidência observacional e generalização científica é de tipo indutivo. Várias observações destinadas a determinar a posição do planeta Marte serviram de evidência para a primeira lei de Kepler, segundo a qual a órbita de Marte é elíptica. Essa lei refere-se à posição do planeta, observada ou não, isto é, o movimento passado era elíptico, o futuro também o será, assim como o é quando o planeta não pode ser observado, em decorrência de condições que as premissas – enunciados que descrevem as posições observadas.
Os argumentos Matemáticos, por usa vez, são dedutivos. Na geometria euclidiana do plano, os teoremas são todos demonstrados com base em axiomas e postulados. Não obstantes o conteúdo dos teoremas já esteja fixado neles, esse conteúdo está longe de ser óbvio. (MARCONI; LAKATOS, 2019).
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Referências Bibliográficas:
BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
FACHIN, Odília. Fundamentos da Metodologia Científica: noções básicas em pesquisa científica. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
MICHEL, Maria Helena. Metodologia e Pesquisa Científica em Ciências Sociais: um guia prático para acompanhamento da disciplina e elaboração de trabalhos monográficos. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2015.
PRODANOV, Cleber Cristiano.; FREITAS, Ernani Cesar de Freitas. Metodologia do Trabalho Científico [recurso eletrônico]: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.